Desde o ano de 2009 que as agências de viagens IATA portuguesas não tinham um mês de Maio, que tradicionalmente é um dos melhores meses do ano, com um volume de vendas BSP tão baixo como este ano: 10,9 milhões de euros abaixo do mês homólogo de 2014 e 12,5 milhões abaixo de 2013.
Dados do BSP Portugal a que o ‘PressTUR’ teve acesso indicam que as vendas em Maio, mês em que o sector foi fortemente perturbado pela greve no grupo TAP convocada pelo SPAC para os primeiros dez dias, ficaram em 70,55 milhões de euros.
Fontes do sector contactadas pelo portal de notícias de turismo e viagens português, comentaram que a queda das vendas BSP evidencia como o impacto da greve convocada pelo SPAC se faz sentir para além do tráfego nos dias em que ocorre.
De facto, salientam, o efeito nas vendas BSP não tem tanto que ver com cancelamento de voos nas datas da paralisação, mas com os receios que provoca no mercado, que assim retrai a compra de novas viagens.
Porém, essas fontes também admitem que a queda em Maio não se pode justificar integralmente com esses receios, pois não se tratou de uma quebra isolada.
Este ano, apenas em Março, que este ano beneficiou da Páscoa mais cedo, as vendas BSP ficaram acima do mês homólogo de 2014 e em apenas 0,9%.
Assim, embora a dimensão da queda em Maio, tal como a de Abril (mês em que a greve foi anunciada), possa ser imputada principalmente à acção grevista convocada pelo SPAC, a perspectiva que responsáveis do sector têm avançado ao ‘PressTUR’ é de que se está perante um ajustamento do mercado por influência de um conjunto de tendências.
Uma delas é a queda do preço das viagens, que transparece da queda generalizada de yields (preço médio por quilómetro voado) de que dão conta as maiores companhias aéreas, e inclusivamente a TAP, que é a maior companhia em BSP Portugal.
A este factor acresce a perturbação que a situação em Angola introduz no mercado BSP, tanto mais significativa quanto a linha de Luanda é a que tem mais peso.
As fontes do ‘PressTUR’ dizem que é claro que há uma retracção das viagens empresariais para Luanda, se bem que no Aeroporto de Lisboa o número de passageiros em voos de/para Angola tenha aumentado 4,6% no primeiro quadrimestre.
Os números do Aeroporto não identificam, porém, o mercado de origem dos passageiros, pelo que esse crescimento não pode ser interpretado como significando um aumento das vendas em Portugal de voos para Luanda.
A este nível há sectores que, no entanto, apontam um impacto maior no BSP da descida das vendas de voos para o Brasil, tanto para destinos no Nordeste, em que há grande peso das viagens de lazer, quanto para destinos com maior componente de tráfego de negócios, como São Paulo.
Também a pesar significativamente na evolução das vendas BSP está o crescimento da venda directa das companhias aéreas, que não são contabilizadas em BSP, com realce para as low cost que apesar de terem recuado na rejeição das agências de viagens e tenham colocado os seus voos nos GDS, essas vendas não entram também para o BSP.
E, por fim, dizem ainda as fontes do ‘PressTUR’, um factor ‘interno’, associado à próxima redução dos prazos de pagamento ao BSP para uma semana, a vigorar a partir do próximo mês.
A preparação para essa redução passou pelas agências de viagens analisarem as suas carteiras de clientes no sentido de se concentrarem nos cumpridores de prazos, tanto mais importante quanto, como para a generalidade das empresas portuguesas, o crédito bancário não abunda.