A imprensa uruguaia deste fim-de-semana está a noticiar que a companhia Alas Uruguay vai suspender as suas operações no domingo, dia 23 de outubro, deixando assim de voar a ponte aérea Montevideu-Buenos Aires (Argentina), a operação que restava na sua rede de serviços.
A razão, revelam os jornais, está relacionada com o fato da GECAS, empresa de leasing que alugou a última aeronave ainda ao serviço da Alas Uruguay, ter solicitado a devolução do aparelho por falta de pagamento do respetivo aluguer.
Este é o golpe de misericórdia sobre a companhia uruguaia que não chegou a voar sequer um ano, e que tem lidado nos últimos meses com graves problemas de tesouraria. A administração da empresa terá solicitado proteção de credores por seis meses.
A Alas Uruguay foi criada por um grupo de trabalhadores da extinta Pluna, companhia aérea do Uruguay, que deixou de voar em julho de 2012. Um sonho que muitos acalentaram e perseguiram depois de assistirem ao desmoronamento da única companhia comercial do país que tinha uma rede de voos domésticos e internacionais. A Alas começou a trabalhar com um financiamento de um fundo nacional para o desenvolvimento de empresas, o Fondes, no valor de 15 milhões de dólares. A empresa iniciou a atividade em janeiro deste ano, com duas rotas principais: para Assunção, no Paraguai, e para Buenos Aires, capital da Argentina.
A dificuldade na obtenção de licenças para novas rotas, nomeadamente para o Chile e para o Brasil (Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo) atrasou todo o programa de desenvolvimento da companhia aérea e da sua implantação no mercado como empresa de voos regulares. Os seus responsáveis acusam ainda as autoridades aeronáuticas do Uruguai de má vontade e de demorarem os processos de autorização, demasiado burocráticos para uma empresa que tinha de começar rápido e obter receitas imediatamente.
Todas essas demoras levaram a que a empresa, que começara com três aviões Boeing 737-300 na sua frota, tivesse de devolver dois aparelhos e ficado com apenas uma aeronave, o que tornou impraticável o cumprimento do seu plano de negócios.