A Autoridade Nacional de Aviação Civil de Portugal (ANAC) convocou para esta quinta-feira, dia 10 de agosto, uma reunião com diversas entidades que irão constituir um grupo multidisciplinar, formado por técnicos de diversas entidades e que irá debruçar-se sobre as últimas ocorrências meteorológicas na zona do Aeroporto da Madeira e se pronunciará, em final de trabalho, sobre um levantamento ou não dos limites de vento permitidos para uma aterragem segura na ilha da Madeira.
Como o ‘Newsavia’ já tinha noticiado, desde há algum tempo que se aborda a questão da revisão dos limites de vento autorizados para aterragens no Aeroporto da Madeira-Cristiano Ronaldo. Muito antes do Governo Regional da Madeira ter abordado a questão, recorrente nos últimos dias devido às recentes paralisações provocadas por ventos fortes que assolaram a zona onde está implantada a infraestrutura aeroportuária regional, já a Associação Portuguesa dos Pilotos de Linha Aérea (APPLA), a ANA Aeroportos, o ex-INAC (atual ANAC), a NAV – Navegação Aérea de Portugal, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, tinham estabelecido contatos com vista à análise e debate da situação. Contudo, nunca ocorreu uma reunião formal entre as entidades, o que irá acontecer esta semana.
A frequência com que estes fenómenos estão a acontecer acelerou a decisão da ANAC em formar e reunir-se com o grupo de trabalho, o que acontecerá já na próxima quinta-feira, dia 10 de agosto.
O Aeroporto da Madeira é o principal da Região Autónoma da Madeira, território português situado no Oceano Atlântico, e composta pelas ilhas da Madeira e do Porto Santo, distantes entre si cerca de 40 quilómetros (o mapa acima esclarece melhor a posição geográfica do arquipélago). O aeroporto, certificado para a aterragem de aviões comerciais de todo o tipo, à exceção do Airbus A380, sofre, por diversas vezes, os efeitos de ventos fortes e cruzados sobre a pista de aterragem, devido a estar construído numa zona litoral dominada por uma montanha. As suas caraterísticas especiais implicam que as companhias aéreas comerciais sejam obrigadas a ter comandantes com certificação especial no aeroporto, o que pode ser obtida em simulador, e após várias aterragens na ilha, no lugar de co-piloto da aeronave.
Algumas companhias e pilotos queixam-se que os limites de vento que definem a operacionalidade do aeroporto podem ser aumentados, pois continuam os mesmos de quando a pista tinha 1.600 metros de extensão (hoje tem 2.780 metros). Fizeram-se alguns ajustes, nas duas ampliações da pista, adequando os limites às novas extensões da área útil de aterragem, mas pouco modificaram os existentes.
Muitos comandantes evitam aterrar na Madeira em dias de mais vento (quando excede o limite recomendado), pois a torre de controlo é obrigada a reportar o evento à autoridade aeronáutica nacional, o que naturalmente poderá ter repercussões negativas nos currículos profissionais dos ‘transgressores’.