O grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) tomou, na manhã deste sábado, dia 15 de abril, o controlo do Aeroporto Internacional de Cartum, capital do Sudão, depois de ter assumido o controlo do Palácio Presidencial da capital deste país situado no nordeste da África, após confrontos com o exército.
O ataque ao aeroporto por parte de milícias fortemente armadas lançou o pânico na infraestrutura aeroportuária e muita destruição no terminal de passageiros, onde se receia ter havido diversas vítimas. Notícias divulgadas ao fim da tarde, em Cartum, apontam para um balanço inicial de 30 mortos e dezenas de feridos.
No aeroporto estavam um Airbus A330-300 da Saudia, que se preparava para descolar de regresso a Riade, na Arábia Saudita, e mais nove jatos comerciais Boeing e Embraer que estão ao serviço da companhia sudanesa Badr Airlines, além de outras aeronaves de menor capacidade.
As agências de notícias internacionais e diversas imagens e vídeos colocados na redes sociais indicam a destruição de três aviões de passageiros. Tratam-se do Airbus A330-300 da Saudia, matrícula HZ-AQ30, MSN 1834, que entrou ao serviço em dezembro de 2017 (pouco mais de cinco anos de serviço), com capacidade para transportar 330 passageiros; um Boeing 737-800 da companhia ucraniana SkyUp Airlines, que estava alugado à Badr Airlines; e um ATR42-500, matrícula ZS-AFR, MSN 643, com pouco mais de 17 anos de serviço, pertencente à empresa sul-africana Solenta Aviation, que estava alugado ao Serviço Aéreo Humanitário das Nações Unidas.
No momento do ataque, pelas 08h00 da manhã deste sábado (hora local), o avião saudita estava a preparar-se para seguir para a pista principal. Logo que foram observadas as primeiras movimentações de carros das RFS, com homens fortemente armados na pista e rebentaram as primeiras explosões a tripulação entendeu desembarcar os passageiros pelas mangas pneumáticas de evacuação do aparelho e encaminhou-os para o terminal (LINK notícia relacionada).
As notícias são pouco esclarecedoras acerca do desenrolar do ataque e dos efeitos que causou, que, sabe-se, são bastante negativos para a implementação do novo governo militar do Sudão, negociado após o golpe de 2021. Está em curso um contra-golpe, liderado por uma das facções do Exército, que se estendeu ainda a outro aeroporto no norte do Sudão, também utilizado como base militar, em Merowe, a cerca de 350 quilómetros de Cartum, e a 250 quilómetros da fronteira com o Egito. Devido às caraterísticas do conflito, é difícil obter uma fonte independente que possa relatar os factos, dizem as agências de notícias internacionais.
O presidente do Conselho Soberano e líder militar do Sudão, Abdelfatah al Burhan, reside no palácio, mas desconhece-se o seu paradeiro.
Os aviões comerciais que deveriam aterrar na manhã deste sábado no Aeroporto Internacional de Cartum, regressaram aos aeroportos de origem, segundo indicações da plataforma de rastreamento de aeronaves ‘FlightRadar’. Estavam previstos movimentos comerciais das companhias Air Arabia, Egyptair, Emirates, Ethiopian, FlyDubai, FlyNas, Salam Air e Turkish Airlines
O Sudão, com cerca de 50 milhões de habitantes, situa-se no nordeste do continente africano, junto ao Mar Vermelho, que separa o país da Arábia Saudita. Tem fronteiras terrestres com Egito, Eritreia, Líbia, Chade, República Centro-Africana e Sudão do Sul.
- Notícia corrigida e atualizada às 01h00 UTC de domingo, dia 15 de abril de 2023.
