Pela primeira vez, desde que a IATA (Associação Internacional das Companhias Aéreas) compila estatísticas da aviação, o sector vai ter uma rentabilidade do capital investido superior ao seu custo, de acordo com as previsões avançadas nesta segunda-feira pela Associação, cujo director-geral, Tony Tyler, ‘esfriou os ânimos’ ao salientar que nem todas as companhias têm essa sorte.
A previsão da IATA é que este ano o retorno do capital investido se situe em 7,5%, o que significará uma margem positiva de 0,7 pontos face ao custo, estimado em 6,8%.
Os investidores em aviação, que não têm sido adequadamente remunerados por arriscarem o seu capital, à excepção de “um punhado e companhias”, e, portanto, têm visto o seu capital encolher, este ano podem esperar ser remunerados pelos seus investimentos, diz a IATA, avançando a estimativa de 4,9 mil milhões de dólares de retorno para os 700 mil milhões investidos.
Em 2014, de acordo com a IATA, os investidores viram o valor dos seus investimentos em aviação baixarem 8,3 mil milhões e em 2013 tinham perdido 13 milhões, anos em que as taxas de retorno do capital investido foram respectivamente de 5,7% e 4,9%, abaixo do custo em 1,2 e 1,9 pontos.
Mas, também diz a IATA, deve “ficar claro” que com 29,3 mil milhões e dólares de lucro, como prevê para este ano, o sector da aviação gera apenas “o suficiente para pagar aos investidores um retorno “normal” por arriscarem os seus capitais, além de que, como frisa, essa não é a tendência generalizada fora da América do Norte.
A tese da IATA é que os credores das companhias aéreas são “bem remunerados” pela aviação, que gera receitas para pagar aos fornecedores e o serviço da dívida, mas que tem gerado lucros líquidos insuficientes para remunerar os investidores.
A previsão da IATA é de que este ano o sector da aviação atinja uma margem líquida de 4%, que compara com 2,2% em 2014, por subida do lucro em 78,7%, para 29,3 mil milhões, mas também por redução da receita em 0,7%, para 727 mil milhões de dólares.
Para esta evolução conta em grande medida a evolução das companhias da América do Norte, que a IATA prevê atinjam um lucro líquido de 15,7 mil milhões de dólares, o que equivale a 53,7% do lucro total do sector previsto para este ano pela IATA.
Esta preponderância das norte-americanas está associada a diversos factores, como o facto de não terem parte dos ganhos da descida o preço do combustível ‘comida’ por variações cambiais ou o facto de as fusões dos últimos anos se terem traduzido num ‘enxugamento’ da capacidade, como ainda terem no mercado doméstico, protegido da concorrência internacional, o ‘grosso’ da sua actividade.
Para as companhias europeias, a previsão da IATA é que este ano atinjam lucros de 5,8 mil milhões de dólares, +75,8% ou mais 2,5 mil milhões do que a estimativa que faz para 2014, seguindo-se as companhias da Ásia e Pacífico, com 5,1 mil milhões (+325% ou mais 3,9 mil milhões), do Médio Oriente, com 1,8 mil milhões (+157,1% ou mais 1,1 mil milhões), da América Latina, com 0,6 mil milhões, e de África, com 0,1 mil milhões, em ambos os casos face a zero em 2014.
Assim, embora a tendência geral seja de melhoria da rentabilidade, os contrastes são flagrantes, comentou Tony Tyler, que salientou no caso das europeias o facto de enfrentar os desafios da fraqueza das suas economias, elevados impostos, regulamentos onerosos e o “falhanço dos esforços no sentido do Céu Único Europeu”.
Tony Tyler, por outro lado, também não deixou de relativizar a previsão de lucros da aviação mundial, salientando que a Apple só no segundo trimestre deste ano atingiu lucros de 13,6 mil milhões de dólares, com uma margem de 23,4%, enquanto na aviação a previsão é uma margem líquida de 4%.
“A verdade é que voar é melhor negócio hoje do que alguma vez foi antes”, frisou o executivo, que para exemplificar afirmou que nos últimos 20 anos as tarifas da aviação caíram 64% em termos reais.
O relatório de Tony Tyler foi apresentado no início de mais uma Assembleia-Geral da IATA, que decorre durante esta semana na cidade de Miami, no Estado da Florida (EUA). A organização está a celebrar este ano 70 anos desde a sua fundação.
- Matéria publicada pelo portal de notícias de turismo e viagens ´PressTUR´