A Avianca Brasil não irá devolver aviões durante as próximas duas semanas. A Justiça brasileira prorrogou na terça-feira, dia 14 de janeiro, a tutela dos aviões que estão integrados na frota da companhia aérea e que deveriam ser devolvidos às empresas de leasing por falta de pagamento dos respectivos alugueres. Um prazo que dá para a companhia respirar… e decidir-se por uma solução que possa segurar a sua frota, o seu presente e o seu futuro. Estão em causa muitos postos de trabalho e a competitividade do sector.
A companhia aérea brasileira está em recuperação judicial desde o início de dezembro e soma dívidas que atingem os 500 milhões de reais (134,7 milhões de dólares norte-americanos/118,3 milhões de euros). Nos últimos meses do ano passado, a empresa vinha atrasando o pagamento de taxas aeroportuárias e tendo dificuldade para pagar o aluguel de aeronaves.
A companhia aérea afirma que a Justiça determinou a prorrogação da tutela de suas aeronaves por mais duas semanas. “A empresa reforça que segue operando normalmente, com seus pousos e decolagens mantidos nos cronogramas estabelecidos anteriormente.”
A Avianca anunciou em comunicado, após ser conhecida a decisão judicial, que “segue com foco total na continuidade de suas operações e na elaboração do plano de recuperação judicial, que será apresentado em breve”.
Em dezembro passado, juiz Tiago Henriques Papaterra Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, deu 30 dias de prazo para a companhia resolver os seus débitos com a empresa Constitution Aircraft Leasing (CAL) que alugou 10 aviões à Avianca Brasil.
No começo do corrente mês de janeiro, a empresa demitiu 140 funcionários que tinham sido admitidos recentemente. O total de dispensados representa cerca de 2,5% do quadro de funcionários da empresa.
Nos últimos meses do ano passado a Avianca Brasil vinha atrasando o pagamento de taxas aeroportuárias – conta que chegou a se aproximar dos 100 milhões de reais, antes de ser renegociada – e tendo dificuldade para pagar o aluguel de aeronaves.
O presidente da Avianca Brasil, Frederico Pedreira, comentou publicamente pela primeira vez o pedido de recuperação judicial da companhia. Em seu perfil no Linkedin, o executivo diz que está 100% focado nesse que é “um dos capítulos mais difíceis da história da aérea” e, obviamente, da sua própria carreira, noticiou o portal brasileiro de notícias de turismo e viagens ‘Panrotas’.
“O ano que passou foi especialmente desafiador – não só para as companhias aéreas, mas para o mercado como um todo. Sofremos com a alta do dólar, com o aumento histórico do querosene de aviação e com a greve dos camionistas. Tivemos que parar e rever nosso plano para o ano e era parte fundamental deste exercício a negociação de nossos contratos de leasing de aeronaves. Infelizmente, enfrentamos dificuldades nesse processo”, comentou o presidente da quarta maior companhia aérea do Brasil.
Uma das seguidores de Pedreira na rede social escreveu que “a Avianca será ainda mais forte e madura ao final deste grande desafio”, uma garantia de seu fundador, José Efromovich, ao falar com o portal ‘Panrotas’ na semana passada. Um outro seguidor disse que está na torcida para que a companhia se recupere e volte a crescer. “Ganha o mercado da aviação, ganha a empresa, seus parceiros e clientes”, disse.
“O último passo do plano de salvação dos irmãos José e Germán Efromovich, [empresários brasileiros-colombianos nascidos na Bolívia] inicia-se agora”, refere a revista ‘Veja’. Um aporte estrangeiro está previsto para acontecer e salvar a operação da companhia. Recentemente, a Avianca Holdings, baseada na Colômbia, recebeu um investimento de 456 milhões de dólares da United Airlines, por uma parceria entre a aérea americana, a colombiana e a panamiana Copa Airlines. De início, as empresas afirmam que a operação brasileira não tem relação com o investimento. A Avianca Brasil é marca registada para operar com a Ocean Air, companhia controlada por José Efromovich.
“No entanto, após a decisão de Michel Temer, que permitiu a participação de 100% de capital estrangeiro em empresas aéreas, isso pode mudar. José Efromovich, irmão de Germán, é quem aparece como dono da companhia e poderia vender parte de suas ações para o braço colombiano, controlado por Germán, ou até mesmo para a United. Uma fonte de dentro da Avianca confirma que todos os passos até aqui foram dados para que esse investimento fosse permitido. Impossível não cogitar que a medida provisória, editada por Temer na tarde desta quinta-feira, 13, um dia após o pedido de recuperação judicial, não esteja relacionada ao caso”, escreve a revista ‘Veja’ na sua edição digital.