Bombardeiros MIG-21 da Força Aérea Moçambicana a caminho de Maputo

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A Força Aérea de Moçambique (FAM) vai receber nas próximas semanas em Maputo oito aviões caça-bombardeiros MIG-21, que foram totalmente reconstruídos e reequipados com instrumentos de tecnologia moderna, que conferem a esta esquadra de aeronaves de guerra uma excepcional actualidade.

Os aviões foram totalmente reconvertidos nas oficinas da companhia aeroespacial Aerostar, em Bacau, na Roménia, uma empresa que é actualmente uma das mais conceituadas do sector de reparação, manutenção e modernização de aviões militares na Europa, com grande suporte de conceituadas marcas, nomeadamente da Airbus. Tem sido notável o trabalho que a Aerostar tem desenvolvido em equipamentos oriundos das fábricas dos países que antes estavam unidos na ‘Cortina de Ferro’ ou eram afectos à União Soviética. O caso dos MIG-21 de Moçambique são uma prova desse bom trabalho, realçado pela imprensa europeia da especialidade nas suas edições ‘on line’ de ontem, dia 7 de Julho.

Segundo anunciou a ‘Aerostar’ já seguiram para Maputo seis caças e outros dois serão acondicionados este mês em contentores e seguirão de barco para a capital moçambicana, com escala num porto alemão. Os aviões foram adquiridos por Moçambique em 1982, mas alguns não chegaram a voar  sequer 10 anos e outros nem saíram dos caixotes, segundo relata a imprensa internacional. Quando Moçambique decidiu, há três anos, reabilitar a sua Força Aérea não tinha aviões e os que tinha não estavam operacionais.

O contrato para recuperação dos seis MIG-21 ‘Fishbed’ (bilugares) e dois MG-21UM ‘Mongol-B’ (utilizados para instrução), incluiu ainda a recuperação de outra aeronave, de dois lugares, um L-39ZO Albatros, um jacto de treino avançado, desenvolvido pela antiga Checoslováquia na década de sessenta, e que também já está de regresso a Moçambique.

O programa-contrato entre a FAM e a Aerostar foi de 12 meses e incluiu ainda a formação e treino de pilotos militares, bem como de mecânicos e outro pessoal que dará apoio à esquadra de MIGs em terra.

Segundo a revista especializada em assuntos militares e defesa ‘IHS Jane’s Defence’, Moçambique também adquiriu à Aerostar dois aviões ultraleves ‘Festival’ que serão certamente utilizados no treino dos pilotos-cadetes que entram para a FAM. Estes aviões são de fabrico romeno.

 

Remodelação da Força Aérea de Moçambique acelera

O projecto de remodelação da Força Aérea Moçambicana tem acelerado nos últimos meses. No ano passado a FAM recebeu dois aviões de transporte Antonov An-26, em segunda mão, na Ucrânia, onde os aparelhos foram totalmente revistos e pintados com as cores da instituição militar de Moçambique. Já se encontram em Maputo.

Recorde-se que a antiga colónia portuguesa do Índico recebeu em 1978 dez aviões de transporte daquele modelo, fornecidos então ao abrigo de acordos de cooperação técnico-militar que as Forças Armadas de Moçambique tinham com a ex-União Soviética (URSS), já que as aeronaves são de fabrico ucraniano, país que então estava integrado na ex-URSS. Desses aviões sabe-se que um foi abatido do activo devido a ter ficado destruído num acidente no Aeroporto de Pemba, no Norte de Moçambique, em que morreram os três tripulantes e 41 dos 48 passageiros que iam a bordo. Seis outros aparelhos estavam parqueados a céu aberto na zona militar do Aeroporto de Maputo, dois no Aeroporto da Beira e ainda outro em Cuamba. Nenhum desses aviões é recuperável, segundo fontes relacionadas com a aviação em Moçambique.

O colapso da União Soviética, no início da década de 90, foi crucial quanto ao futuro da aviação militar em Moçambique, pois estava praticamente dependente do apoio dos então soviéticos.

 

Alguns aviões no activo e novos pilotos em formação

Além dos dois An-26, aviões de transporte militar que já estão em Maputo, a Força Aérea de Moçambique adquiriu no ano passado um jacto executivo ‘Hawker 850XP’, de segunda mão e construído em 2005 nos Estados Unidos, que se destina ao transporte de individualidades, nomeadamente membros do governo, quando em deslocações oficiais.

Anteriormente, em Setembro de 2012, as Forças Armadas Moçambicanas assinaram um acordo de cooperação com Portugal (CTM – Cooperação Técnico-Militar) através do qual a Força Aérea Portuguesa (FAP) está a formar quadros moçambicanos em diversos áreas de serviços da actividade aeronáutica militar, ao mesmo tempo que foram oferecidos a Moçambique dois aviões ligeiros ‘Cessna/Reims FTB-337G Milirole’, que foram antes da FAP, que ficaram adstritos à Escola Prática de Aviação e que são utilizados no treino de pilotos, evacuações sanitárias e no controlo aéreo do litoral moçambicano.

A Escola Prática de Aviação tem ainda na sua frota de treino um Cessna 152, um Cessna 172 e um Piper PA-32 Seneca, este adquirido em 2011.

Este ano a Presidente do Brasil autorizou o envio para Moçambique, a título de oferta, de três caças Emb-312 Tucanos para treino da Força Aérea Moçambicana. Os aviões, que antes integravam a frota da Força Aérea Brasileira, já estão autorizados a seguir viagem para Moçambique. Estes aviões seguem grátis, mas o ministro da Defesa brasileiro já deu a entender que a oferta tem um duplo interesse, pois o Brasil acredita que num futuro próximo Moçambique irá encomendar à fábrica brasileira três aviões Emb-314 Super Tucanos, a versão actualizada do avião de treino militar da Embraer.

 

É com natural interesse que se assiste ao reequipamento e relançamento da Força Aérea Moçambicana, que no passado foi um excelente viveiro de pilotos, muitos na vida civil a trabalhar no estrangeiro.

Nunca ficou bem entendido porque os governos moçambicanos, depois de Samora Machel, deixaram cair a Força Aérea. Há versões desencontradas, algumas análises pouco ortodoxas e uma justificação corrente, mas que nunca vimos confirmada ou desmentida pelo Governo de Maputo, de que a FAM foi suspensa, porque assim ficou combinado aquando da negociação do Acordo Geral de Paz assinado entre a Frelimo e a Renamo a 4 de Outubro de 1992, em Roma.

 

  • Fotos distribuídas pela ‘Aerostar’, Bacau, Roménia

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