“A companhia aérea brasileira Azul é a concorrente à privatização da TAP que o Governo encara com melhores olhos”, revelou neste fim-de-semana o semanário ‘Expresso’, que se publica em Lisboa.
Segundo o jornal, que é um dos mais prestigiados da imprensa lusitana, fontes governamentais asseguram que “se a decisão fosse tomada hoje” a empresa fundada por David Neeleman seria a escolhida para ficar com 61% do capital da transportadora aérea portuguesa.
A Azul – Linhas Aéreas Brasileiras apresenta “várias vantagens sobre as restantes interessadas – nuns casos, por marcar pontos positivos, noutros, por beneficiar de pontos bastante negativos da concorrência”, observa o ‘Expresso’. O facto de se tratar de uma empresa lusófona é vista como uma mais-valia, com a vantagem adicional do capital não ser exclusivamente brasileiro (uma parte é norte-americano). Ou seja, equilibra a influência brasileira e a sensibilidade às questões do universo da lusofonia com a abordagem empresarial americana. A empresa tem recursos e capacidade de gestão é reconhecida – é hoje a terceira maior companhia do país (atrás da TAM e da GOL), transportando 20 milhões de passageiros por ano.
O semanário de Lisboa anuncia que fontes próximas da administração da TAP consideram que a Azul é a única empresa bem vista para comprar a companhia aérea.
Revela ainda o semanário que os contactos com a Azul para a compra da TAP foram, aliás, fomentados pelo próprio presidente da transportadora aérea nacional, o brasileiro Fernando Pinto.
A companhia de David Neeleman não tem manutenção própria no Brasil e manifestou interesse em comprar a operação que a TAP tem no Brasil neste sector, a TAP Manutenção & Engenharia – de que já é a maior cliente.
A TAP M&E (antiga VEM, que estava no universo da falida Varig) tem oficinas no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Prova mais visível dessa aproximação entre as duas companhias é a inscrição no avião da Azul que foi dedicado ao saudoso piloto brasileiro Ayrton Senna da Silva, do logotipo da TAP M&E, bem visível em qualquer lugar onde o aparelho faz escala.
O ‘Expresso’ escreve que terá sido nesses contactos, entre a TAP e o cliente Azul, que Fernando Pinto colocou em cima da mesa a possibilidade de a companhia brasileira se candidatar à compra do grupo TAP. O cenário foi bem acolhido na Azul. Com uma questão por resolver: por não ser uma companhia europeia, a empresa brasileira está limitada à compra de 49% do capital da portuguesa. Mas essa não parece ser razão de preocupação do lado do Executivo. Ao que o ‘Expresso’ apurou, a Azul está agora à procura de um parceiro europeu, com sede num Estado-membro da União Europeia para concorrerem em conjunto à compra da TAP.