A Comissão Europeia confirmou nesta sexta-feira, dia 16 de julho, o auxílio de emergência de 1.200 milhões de euros à TAP, mas decidiu lançar uma investigação para avaliar se o auxílio de 3.200 milhões à reestruturação da companhia aérea respeita a legislação comunitária. Configura-se, assim um novo atraso, na decisão de Bruxelas, e cria-se alguma expectativa quanto à dimensão e futuro da companhia aérea portuguesa, obrigada, necessariamente a um corte de frota, de pessoal e, eventualmente, de slots.
Em duas decisões separadas, o executivo comunitário, por um lado, confirmou a validade do empréstimo de emergência de 1.200 milhões de euros, que já aprovara em 2020, mas que havia sido colocado em causa por um recente acórdão do Tribunal Geral, que, na sequência de uma queixa da Ryanair, anulou a decisão inicial da Comissão, pelo que este auxílio já pago à TAP “não terá de ser reembolsado”, apontou a vice-presidente executiva Margrethe Vestager, responsável pela política de concorrência.
Margrethe Vestager, citada num comunicado divulgado pela Comissão, em Bruxelas, salienta, por outro lado, que “prosseguem os esforços para desenvolver um plano de reestruturação sólido que garanta a viabilidade da TAP a longo prazo sem necessidade de apoio estatal continuado”, pelo que, nesse contexto, Bruxelas deu “igualmente início a uma investigação sobre o auxílio à reestruturação notificado por Portugal”.
Portugal notificou formalmente a Comissão Europeia, em 10 de junho deste ano, que a companhia aérea de bandeira necessitava de um auxílio à reestruturação no valor de 3.200 milhões de euros, com o objetivo de financiar um plano de reestruturação do grupo através da TAP Air Portugal.
O comunicado do executivo europeu desta sexta-feira, se por um lado traz uma satisfação, de que as queixas da Ryanair não tiveram sucesso, coloca, por outro lado, algumas dúvidas quanto à sustentabilidade económico-financeira do Grupo TAP, tal como está desenhado no Plano de Reestruturação. Bruxelas ordena uma investigação aprofundada “para avaliar melhor a conformidade do plano de reestruturação proposto e dos auxílios conexos com as condições previstas nas orientações relativas aos auxílios de emergência e à reestruturação, propondo-se designadamente analisar “se a TAP ou os operadores de mercado contribuem suficientemente para os custos de reestruturação, assegurando assim que o plano de reestruturação não depende em excesso do financiamento público e que, por conseguinte, o auxílio é proporcionado”.
A Comissão quer também determinar “se o plano de reestruturação está acompanhado de medidas adequadas para limitar as distorções da concorrência criadas pelos auxílios”, aclara Margrethe Vestager. “Vamos manter um diálogo construtivo com as autoridades portuguesas sobre esta questão”, conclui o comunicado da vice-presidente da Comissão Europeia.
- Foto de abertura © João Chaves.