‘Cluster do Aeronegócio’ na República de Cabo Verde

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 O jornal cabo-verdiano ‘A Semana’ publicou ontem, dia 12 de Junho, na sua edição ‘on line’, um trabalho que reputamos de interessante sobre o futuro do denominado ‘Cluster do Aeronegócio’ naquele país insular africano. É assinado pela jornalista Constânça de Pina, e sintetiza a política governamental no sector dos aeroportos e aviação comercial. Reproduzimos em seguida, na íntegra, para melhor compreensão dos nossos inúmeros leitores e seguidores, sobretudo nos países africanos de expressão oficial portuguesa o referido artigo, intitulado ‘Cluster do Aeronegócio: Governo pode fechar dossier até ao fim do ano’.

 

«Até ao fim do ano estará concluída a instalação das estruturas de apoio ao cluster do aeronegócio, estando-se a implementar as medidas de política identificadas na agenda aprovadas através do DECRPIII e na Carta de Política de Transportes. Estas visam melhorar os níveis de organização do sistema nacional de aviação civil e dos transportes aéreos, dotar este cluster de um melhor enquadramento estratégico, preparando-lhe para uma nova etapa em que o desafio maior será a elevação dos padrões de gestão e de competitividade. Para isso o Governo lança agora o concurso internacional que vai recrutar a empresa a quem caberá elaborar os estudos, o Plano Estratégico e a proposta técnica do modelo de funcionamento deste cluster. O objectivo é dotar o país de um sistema de aviação civil competitivo e capaz de oferecer um serviço eficiente, de qualidade e adaptado às exigências da economia nacional.

 

O Ministério das Infra-estruturas e Economia Marítima (MIEM), enquanto dinamizador do cluster do aeronegócio, defende que nos negócios em torno da aviação e dos transportes aéreos só terão sucesso quem apostar na eficiência e qualidade dos serviços prestados em toda a cadeia. A competição é feroz, permanente e a escala global diz.

“Cabo Verde sempre investiu no sistema de aviação civil e nos transportes aéreos, por ser uma pequena economia, dependente do exterior, mas com uma importante diáspora. Há mais de duas décadas procura afirmar-se como destino turístico e plataforma de serviços. Nesta nova etapa é-nos exigido ganhar escala, diversificar as actividades, as áreas de serviço, internacionalizar as instituições, as empresas e os quadros nacionais, atrair investimento privado e dispor de uma indústria de aviação civil, à nossa dimensão, obviamente, mas sólida, credível e sustentável”, frisa o MIEM.

O Cluster do Aeronegócio vai, essencialmente, conglomerar, coordenar esforços, trabalhar em rede, para que Cabo Verde possa consolidar os ganhos acumulados ao longo de mais de meio século e desenvolver nestas ilhas uma indústria da aviação civil e transportes aéreos que potencie sectores como o turismo, as TIC, o cluster financeiro, o cluster do mar, mas também faça do país uma referência no domínio dos transportes aéreos e serviços prestados à aviação civil internacional.

“A nossa ambição é factível, depende da nossa capacidade de trabalho e de estabelecimento das alianças e parcerias certas. Obviamente, a tudo isso deve-se aliar uma forte cultura de trabalho colaborativo, de acção integradora e em parceria, para além de um forte compromisso com a qualidade e o rigor”, indica a assessora do MIEM, Vera Nereu, realçando que para o efeito o Governo acaba de lançar um concurso internacional para recrutar uma empresa especializada para efectuar um ‘assessment’ (uma avaliação profunda ao nosso sistema), elaborar o estudo do mercado e o plano estratégico para o aeronegócio.

A empresa terá ainda de apresentar uma proposta técnica sobre o modelo de organização e funcionamento do cluster. Este, refira-se, está definido no Documento de Estratégia de Crescimento e Redução da Pobreza (DECRP III) como um dos sectores relevantes na construção dos factores de competitividade do país, através do alargamento da sua base económica e posicionamento como plataforma internacional de prestação de serviços. E é com este propósito que já está a ser construído este cluster.

“A indústria de aviação civil compõem-se de várias dimensões de negócios aéreos e Cabo Verde apresenta um grande potencial para o desenvolvimento de um pólo de negócio no sector aéreo, aproveitando a sua condição de país africano, membro da CEDEAO, dos PALOP, da União Africana e com uma forte ligação histórica, política, económica e cultural também com a Europa, os EUA e a América Latina. A nossa localização privilegiada permite-nos estabelecer pontes com os continentes americanos – norte e sul -, europeu e africano”, sublinha a assessora da MIEM.

Comparado com os demais países africanos, Cabo Verde é um país estável, com boa governação, possui um clima ameno e atractivo, bom quadro regulatório de segurança e o tráfego aéreo está em franco crescimento. Tem um bom “backgrounbd/track record” de segurança operacional, bons profissionais da aviação civil, um sistema de supervisão da aviação civil respeitado e referenciado juntos dos organismos internacionais e das autoridades da aviação civil americanas, europeias e africanas, que podem ser rentabilizados, através da prestação e serviços e estabelecimento de parcerias em quase toda a cadeia de negócios do sector aéreo, sobretudo no domínio da formação, da regulação, da gestão aeroportuária e de serviços e de navegação aérea.

Por outro lado, acrescenta, possui profissionais da aviação civil a trabalhar na Europa, América Latina e África. Os nossos pilotos são procurados e estão a trabalhar em Dubai, Qatar, Guiné Equatorial, Angola, entre outros. Lembra que por todo mundo emergem negócios ligados à aviação geral e recreativa, actividade procurada por turistas de elevados segmentos de renda. Domínio em que Cabo Verde pode competir pelas boas condições meteorológicas, boa supervisão de segurança e boas infra-estruturas; mas também no sector da manutenção, reparação de aviões e equipamentos aeronáuticos e estabelecimento de companhias de leasing de aviões, entre outros. “Estamos a falar de negócios globais, sofisticados, geradores de fluxos em volumes expressivos, empregos bem remunerados, conhecimento, prestígio e altos rendimentos. Os profissionais possuem competências que podem ser exercidas em qualquer lugar do mundo”, assevera.

Mas, para que possamos desenvolver uma forte indústria de aviação civil, avisa, precisaremos atingir outros patamares. É preciso que o país faça uma aposta clara no ensino das línguas, das tecnologias, das ciências e faça uma aposta clara na formação de bons gestores, executivos de top, com um posicionamento cada vez mais ‘business oriented’. “O país está a trabalhar nesta agenda. Com financiamento do Governo do Luxemburgo, está-se a preparar um conjunto de estudos e instrumentos que devem contribuir para transformar o sector da aviação civil. Mas estamos a trabalhar com uma agenda de mais curto prazo, visando introduzir reformas lá onde as necessidades são mais urgentes. As acções e medidas reformistas são óbvias e ou resultaram de estudos orientados para a melhoria de alguns domínios como o ‘handling’, os transportes inter-ilhas, a pertinência da regulação, o posicionamento no mercado, a capacitação institucional, etc.

O sistema de transportes aéreos nacional contempla quatro aeroportos internacionais – Sal, Praia, São Vicente e Boa Vista – e três aeródromos – Fogo, Maio e São Nicolau. Desde 2003, o volume de tráfego passou de 500 mil para 1.905.355 passageiros e o valor das infra-estruturas aumentou cinco vezes devido aos investimentos feitos nos aeroportos e navegação aérea.»

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