A companhia aérea privada Fly Índico anunciou na semana passada a retoma dos voos que ligam Pemba e Palma (na imagem de abertura vemos o aeroporto que serve a localidade, construído sobre o antigo aeródromo militar da Força Aérea Portuguesa no tempo da Guerra Colonial), na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, uma ligação que tinha sido interrompida na sequência dos ataques armados de rebeldes muçulmanos naquela área geográfica.
“A ligação será retomada a partir de 28 de novembro e pretendemos fazer pelo menos dois voos por semana, às segundas e sextas-feiras”, disse à agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ Alfrad Venichand, assistente de reservas da Fly Índico.
A ligação, interrompida na sequência do ataque rebelde a Palma em março de 2021, será feita por uma aeronave Cessna Caravan, com capacidade para 10 passageiros, avançou a mesma fonte daquela empresa de capitais moçambicanos.
“Nós já fazíamos este trajeto. Aliás, num dos ataques a Palma, ajudámos as autoridades a retirar algumas pessoas. Sentimos que agora há segurança e vamos voltar a operar”, acrescentou Alfred Venichand.
Palma foi alvo de um dos mais mediáticos ataques protagonizados pelos rebeldes que aterrorizam a província de Cabo Delgado há cinco anos, quando em 24 de março de 2021 os insurgentes invadiram a sede daquele distrito, tendo provocado dezenas de mortos e feridos, bem como a fuga de milhares de pessoas.
O distrito acolhe o projeto de exploração de gás natural liderado pela ‘TotalEnergies’, o maior investimento privado em África (da ordem dos 20 mil milhões de euros), entretanto suspenso devido à insegurança na região.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de violência a sul da região e na vizinha província de Nampula.
Em cinco anos, o conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o ACNUR, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.