A Wow Air, uma companhia de baixo custo, de bandeira islandesa, fundada em 2011 por Skúli Mogensen, que continua a ser o seu presidente executivo, poderá abrir falência nesta semana se falharem as apressadas negociações que decorrem no fim-de-semana, na Islândia, com o Grupo Icelandair.
As perspectivas não são boas, e diversos analistas económicos na Islândia já apontam para a saída mais trágica, que levará a companhia para a bancarrota, depois de durante cerca de sete anos ter levado um novo conceito de transporte aéreo à Islândia, baseado numa imagem pouco comum, mas atraente, e com tarifas extremamente convidativas. A recente chegada dos novos Airbus A321neo à frota, com autonomia suficiente para alcançar os dois lado do Atlântico, percurso encurtado pela rota mais a norte, viria facilitar o negócio.
Contudo, a companhia não conseguiu ultrapassar o enorme défice já registado nos primeiros nove meses de 2018, com 60 milhões de dólares de prejuízo. Prevê-se que a Wow Air necessite de um investimento imediato de 90 milhões de euros. Não será certamente o Grupo Icelandair que dispensará esses fundos, já que é conhecido que no ano passado as suas contas também foram más, com um prejuízo de 55,6 milhões de euros. Há mesmo quem já adiante, na manhã deste domingo, dia 24 de março, que o Grupo Icelandair, que há poucas semanas comprou parte da companhia Cabo Verde Airlines (TAVC) e onde foi obrigada a investir alguns milhões de euros, já está fora das negociações, cujos resultados serão anunciados nesta segunda-feira.
Nas últimas semanas, Skúli Mogensen e a sua equipa de gestão estiveram a falar com o fundo de investimentos norte-americano ‘Indigo Partners’, um tradicional investidor em companhias aéreas de baixo custo – casos de sucesso da norte-americana Frontier Airlines, da húngara Wizz Air e da mexicana Volaris – mas tudo foi abandonado antes do fim-de-semana. Mesmo assim foi um período interessante para a companhia islandesa, que ensaiou uma cura de emagrecimento: passou de 20 para 11 aviões, retirou-se de algumas rotas para a América do norte e negociou a saída de 110 trabalhadores efetivos.
Mas a falta de interesse da ‘Indigo’ levou a que a Wow Air tivesse retomado as negociações com o Grupo Icelandair, também islandês, um pouco pressionado pelo governo do país, que vê com muita preocupação um cenário de falência, já que, a concretizar-se, terá repercussões no Produto Interno Bruto do país e na empregabilidade nacional (cerca de 800 islandeses trabalham na empresa). As negociações com o Grupo Icelandair já tinham decorrido no ano passado, mas foram interrompidas em 29 de novembro, por falta de entendimento entre as partes. Há uma ideia generalizada de que a Icelandair não fechará negócio com a Wow Air. Contudo, há ainda uma certa esperança de que a intervenção do Governo da Islândia possa pressionar os negociadores para encontrarem uma solução de compromisso nacional que resgate a Wow Air. Pouco falta para sabermos a decisão tomada.
A Wow Air foi criada em novembro de 2011 e começou a voar oficialmente no dia 1 de junho de 2012 no segmento de transporte de passageiros com tarifas de baixo custo. No mesmo ano fundiu-se com a Iceland Express. Voa para diversos aeroportos europeus, para os Estados Unidos da América e Canadá. No ano passado abriu uma rota para Mumbai, na Índia.