A possibilidade do fim das sanções internacional contra o Irão despertou o interesse dos construtores de aviões de todo o mundo com a promessa de um novo mercado lucrativo para as companhias aéreas. Mas uma aparente divisão entre a elite que governa o Irão e a indústria de aviação, além de sinais mistos de responsáveis do Governo iraniano sobre os fornecedores tem levado a alguma ambiguidade relativamente aos benefícios para os construtores. Para modernizar completamente as suas frotas de aviões, o Irão teria de gastar 20.000 milhões de dólares (17.872 milhões de euros) em cerca de 400 aviões de passageiros, dos quais cerca de 100 são imediatamente necessários, de acordo com os mesmos responsáveis.
O líder religioso supremo do Irão, Ali Khamenei, pediu a Teerão para não cooperar com o Ocidente além do recém acordo nuclear e, pelo contrário, desenvolver os laços económicos com a China e a Rússia. Os seus pontos de vista vão de encontro ao apoio sem compromissos do ministro da Defesa e dos fabricantes locais sob alçada do Governo, cujo interesse vai primeiramente para o desenvolvimento de capacidade própria com a assistência da Rússia. No entanto, o ministro iraniano para as estradas e a construção urbana disse recentemente à imprensa que o Sukhoi Superjet – o mais recente e tecnologicamente avançado avião civil russo actualmente em produção – não é uma opção para as companhias aéreas iranianas. “Já chegámos a acordos preliminares com os construtores líderes mundiais”, afirmou Ahmad Abbas Akhundi, referindo-se à Airbus e à Boeing.
Os comentários de Akhundi chegaram algumas semanas depois de Soren Sattari, vice-presidente iraniano para a ciência e tecnologia e chefe da delegação nacional no MAKS 2015 airshow em Moscovo, ter dito ao jornal local “Kommersant” que Teerão queria comprar aviões militares e civis Sukhoi e fabricá-los sob licença. “Uma das nossas companhias aéreas testou o Supetjet 100 e chegou a uma conclusão positiva”, disse Sattari. Se a Rússia oferecer condições financeiras atractivas, “muitas companhias de aviação iranianas vão querer comprar Superjet”, acrescentou. Sattari também disse que Teerão “não vai repetir os erros do passado”, incluindo a venda de recursos naturais em troca de importações de alta tecnologia. Hoje, prefere usar melhor as suas 500 universidades e 400 centros científicos e industriais para desenvolver os seus próprios produtos de alta tecnologia. “É importante assegurar que a nossa cooperação vai no sentido de projectos conjuntos. Por outras palavras, queremos desenvolvimento em conjunto”, frisou.
O ministro russo para os Transportes, Maxim Sokolov, confirmou que as negociações para os Superjet estavam a decorrer. De acordo com fontes russas, as companhias aéreas iranianas teriam acesso a três aviões para testes operacionais, alugados em wet-lease por uma companhia aérea russa, muito possivelmente, a Red Wings, no final de 2015 ou o início de 2016. Como próximo passo, o Irão e a Rússia irão negociar um maior acordo na próxima reunião da comissão inter-governamental no final do Outono. No entanto e pouco depois do MAKS 2015, o secretário da Associação das Companhias de Aviação do Irão, Maghsud Asadi Samani, disse à agência de notícias do Governo iraniano, ISNA, que as afirmações de Sattari “foram feitas no geral” e, como tal, não poderiam ser consideradas como um compromisso do Irão para comprar Superjet. Um mês depois do MAKS 2015, Manoucherhr Manteki, CEO da Organização das Indústria de Aviação do Irão disse à imprensa que durante o airshow, a delegação nacional tinha mantido negociações com os construtores de jactos russos.