Crewlink convoca teleconferência com tripulantes portugueses da Ryanair

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A Crewlink, empresa de tripulantes da Ryanair, enviou cartas aos trabalhadores de Lisboa que recusaram integração nos quadros convocando uma reunião na sexta-feira, dia 14 de agosto, para abordar a sua situação laboral, segundo documentos a que a agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ teve acesso.

As cartas estão a ser enviadas aos trabalhadores que recusaram integrar os quadros da Ryanair com remunerações base abaixo do salário mínimo nacional e que não indicaram qual a sua base de preferência no estrangeiro, e portanto não se inscreveram para obter documentação de acesso a essas bases.

“A falha em obter ou manter o cartão de identificação pode resultar em ser retirado de funções e o seu emprego ser terminado”, pode ler-se na carta enviada aos trabalhadores que recusaram a integração na Ryanair, e cuja alternativa é a relocalização para o estrangeiro.

A reunião marcada para sexta-feira será “para discutir esta matéria mais aprofundadamente”, e será realizada por meios telemáticos, com a empresa a justificar essa opção com a pandemia de covid-19 e a referir que “preferiria encontrar-se em pessoa”.

Mais de 30 trabalhadores da Crewlink, tripulantes dos aviões da Ryanair, foram e estão a ser convidados para os quadros da companhia com remunerações base abaixo do salário mínimo, tendo como alternativa a relocalização no estrangeiro já em setembro.

A carta dirige-se aos trabalhadores da base de Lisboa nesta situação e refere-se à “falha em comunicar a sua inscrição […] antes da sua transferência […] em 01 de setembro, apesar de ter sido instruído para o fazer em duas ocasiões em separado”.

A base está a ser selecionada pela empresa com base nas suas necessidades operacionais, após os trabalhadores não terem respondido aos pedidos de escolha de base, para início do trabalho no dia 1 de setembro.

A anterior documentação consultada pela ‘Lusa’ indica que estão a ser dados aos trabalhadores prazos de dois a três dias para responder qual a sua base de preferência, bem como a serem recusados pedidos para relocalização em Portugal ou adiamentos da proposta de emigração.

“Como declinou confirmar qual seria a sua base preferida, a sua nova base foi selecionada baseada nas necessidades operacionais, de acordo com o seu contrato de emprego”, pode ler-se numa das missivas enviadas pela Crewlink a que a Lusa teve acesso anteriormente, indicando ao trabalhador o local de trabalho efetivo a partir de 01 de setembro.

De acordo com documentação, trabalhadores da Crewlink, agência de emprego temporário que tem como única cliente a companhia irlandesa de baixo custo Ryanair, receberam cartas dos recursos humanos a informar que um “número limitado” de tripulantes iria ser convidado a integrar os quadros da Ryanair.

Em caso de recusa da proposta, os trabalhadores — baseados em Ponta Delgada (Açores), Lisboa e Porto – serão relocalizados para vários destinos da rede da Crewlink no Reino Unido e Irlanda a partir de 1 de setembro.

Segundo uma troca de documentação entre um trabalhador e a empresa a que a Lusa teve acesso, perante a recusa do trabalhador em assinar um contrato com a Ryanair que propunha uma remuneração base de 588 euros brutos, abaixo dos 635 euros consagrados na lei como salário mínimo nacional, a empresa sugeriu a relocalização para o Reino Unido (East Midlands ou Southend) em 1 de setembro.

O contrato possui adicionalmente uma cláusula em que o trabalhador declara “não ter quaisquer reclamações/créditos contra a empresa” à data de 1 de setembro de 2020.

De acordo com números do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), estão nestas circunstâncias três trabalhadores da base de Ponta Delgada, 14 de Lisboa (num total de 32), e cerca de 15 no Porto já contactados (num total de 85).

 

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