Durante horas, um dirigível espião flutuou pelos céus de Baltimore, nos Estados Unidos, cortando linhas de electricidade e obrigando dois caças F-16 a monitorizar o seu percurso. O aeróstato do Ministério da Defesa norte-americano – um enorme balão cheio de hélio, um gás mais leve do que o ar e que, portanto, flutua – soltou-se das amarras ao meio dia de quarta-feira e ameaçou a navegação aérea no estado de Maryland, enquanto as Forças Armadas tentavam recuperá-lo.
Com 74 metros de comprimento, o enorme aparelho está equipado com instrumentos de vigilância e radar. Estava atracado há um ano e ainda não se sabe por que razão se soltou. Sabe-se, sim, que subiu pelos céus até atingir uma altitude de quase cinco quilómetros. Atrás de si arrastou cabos de amarração com dois quilómetros de comprimento, um perigo para o tráfego aéreo. Os cabos foram arrancando linhas de electricidade, causando vários incêndios e deixando perto de 21 mil pessoas às escuras.
Entretanto, à medida que dirigível se esvaziava, ia perdendo altitude e acabou por aterrar num bosque na Pensilvânia. O aparelho é um equipamento militar de vigilância desenvolvido pelo fabricante de armas Raytheon como parte de um programa destinado a detectar mísseis e aviões a voar a baixa altitude. O programa leva 17 anos e já custou ao Pentágono 2700 milhões de dólares (2400 milhões de euros). Em 2010, os militares quiseram cancelá-lo, mas sem sucesso. Na altura, disseram que o projecto era um zombie: caro, ineficaz e aparentemente impossível de matar. Já este ano, sofreu uma derrota espectacular, quando um funcionário dos Correios norte-americanos manobrou um drone até ao Capitólio sem ser detectado.