A Embraer admitiu numa declaração aos jornalistas nos Estados Unidos, na sexta-feira, dia 9 de março, que está a trabalhar com muita dedicação para concluir as conversações com a Boeing, mas deixa o alerta que o negócio pode não se realizar.
“Estamos a trabalhar duro para termos um desfecho o mais cedo possivel”, disse Paulo Cesar Silva, presidente executivo da Embraer, adiantando que a construtora aeronáutica brasileira não quer perder muito tempo nas negociações de uma possível aliança com a Boeing.
“Não sabemos se vai acontecer ou não”, acautelou Paulo Cesar Silva.
A administração da Embraer não adianta muito mais pormenores da negociação. O que se sabe é que em cima da mesa estará uma futura aliança ou parceria e que à mesa estão sentados os acionistas principais das construtoras e representantes do Governo Brasileiro.
“Estamos comprometidos com todas as partes para podermos alcançar uma estrutura de acordo que possa funcionar para todos os acionistas”, afirmou Paulo Cesar Silva. “É tudo o que posso dizer no momento”, concluiu.
Não são claros os contornos do negócio, mas é consensual que esta parceria a se realizar, esteja somente relacionada com o programa de aviões comerciais E-Jet, ficando de fora o segmento da aviação executiva e de defesa.
Um enredo digno de um filme
A Boeing e a Embraer confirmaram em dezembro de 2017 que estavam em conversações sobre uma possível parceria acionista, dois meses depois da Airbus ter anunciado que pretendia adquirir a maioria das ações do programa Bombardier CSeries.
Já antes as construtoras Boeing e Bombardier, digladiavam-se em vários tribunais americanos e canadianos.
Em janeiro deste ano a comissão para o mercado internacional dos EUA surpreendeu tudo e todos, decidindo a favor da Bombardier, no caso das taxas a aplicar à importação da nova aeronave americana.
A Boeing, lançadora da petição em abril de 2017, pretendia que as aeronaves fossem taxadas em 300% na importação com a justificação que o programa CSeries era subsidiado pelo governo do Canadá. Por isso, desvirtuava o preço final, provocando dumping e consequente prejuízo para a indústria aeronáutica norte-americana e o futuro da Boeing. A Delta Airlines recebeu assim autorização para adquirir os 75 aviões Bombardier CSeries já encomendados.
Foto © Tim de Groot – AirTeamImages