A Embraer registou um prejuízo de 1,2 mil milhões [bilhões no Brasil] de reais, equivalente a 215 milhões de euros, no primeiro trimestre do ano, segundo o balanço financeiro divulgado nesta segunda-feira, dia 1 de junho.
O resultado negativo foi provocado por impactos da pandemia do novo coronavírus na produção de aeronaves e no declínio na receita operacional, aliados ao crescimento das perdas cambiais da moeda brasileira face ao dólar norte-americano.
Sobre os impactos da covid-19 nas operações, a Embraer informou que os resultados incluem itens especiais causados pela pandemia e citou 108,6 milhões de reais (18,3 milhões de euros) em variações negativas no valor da participação da Embraer na Republic Airways Holdings.
A fabricante brasileira também mencionou 163,1 milhões de reais (27,5 milhões de euros) em provisão para devedores duvidosos nas contas a receber, uma vez que a empresa adotou uma abordagem mais conservadora no contexto da pandemia de COVID-19.
A Embraer divulgou ainda que houve uma perda cambial de 116,2 milhões de reais (19,6 milhões de euros) no primeiro trimestre do ano versus ganho cambial de 34,2 milhões de reais (5,7 milhões de euros) no mesmo período do ano passado, dada a apreciação substancial do dólar norte-americano face ao real de 29%.
De janeiro a março, a Embraer entregou cinco aeronaves comerciais e nove executivas (cinco jatos leves e quatro grandes) e a sua carteira de pedidos firmes alcançou 15,9 mil milhões de dólares (14,3 mil milhões de euros).
No mesmo período do ano anterior, a Embraer entregou 11 aeronaves comerciais e 11 executivas (oito jatos leves e três grandes).
A Embraer justificou que historicamente tem menos entregas no primeiro trimestre do ano e mencionou que em 2020 as entregas de aeronaves comerciais “também foram negativamente afetadas pelas medidas tomadas em janeiro, mês em que não houve entregas, para efetuar a separação da divisão de Aviação Comercial da Embraer em relação à parceria estratégica, agora encerrada, com a The Boeing Company.”
No primeiro trimestre do ano, a fabricante brasileira registou lucro antes de juros e impostos (da sigla em inglês Ebit), de 209,1 milhões de reais (35,2 milhões de euros).
O seu prejuízo ajustado (excluindo-se impostos diferidos e itens especiais) foi de 433,6 milhões de reais (73,1 milhões de euros) quase o dobro do reportado no primeiro trimestre de 2019 quando registou perdas de 229,9 milhões de reais (38,7 milhões de euros).
A Embraer informou que fechou o primeiro trimestre do ano com 12,9 mil milhões de reais (2,1 mil milhões de euros) em caixa de tesouraria.
A dívida da fabricante de aeronaves até março era de 19,9 mil milhões de reais (3,5 mil milhões de euros), sendo grande parte desta com vencimento a partir de 2022.
No seu balanço financeiro, a Embraer informou que “continua avaliando financiamentos adicionais para melhorar ainda mais a sua posição de caixa”.
A fabricante brasileira concluiu lembrando que devido à incerteza relacionada com a pandemia da covid-19, as suas estimativas financeiras e de entregas para 2020 continuam suspensas neste momento.
A Embraer é fabricante e líder mundial de aeronaves comerciais com até 150 assentos e tem mais de 100 clientes em todo o mundo, sendo considerada a terceira maior do mundo em volume de negócios no mercado da aviação civil.
A empresa brasileira mantém unidades industriais, escritórios, centros de serviço e de distribuição de peças, entre outras atividades, nas Américas, África, Ásia e Europa.
Em Portugal, no Parque de Indústria Aeronáutica de Évora, funcionam duas fábricas da Embraer, sendo que a empresa também é acionista da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, com 65% do capital, em Alverca do Ribatejo.