A empresa russa que estava a fazer a manutenção dos helicópteros pesados Kamov, que estão ao serviço do dispositivo de combate a incêndios florestais em Portugal, desmentiu o alegado desvio de peças do hangar em Ponte de Sor, no Alto Alentejo, e acusa a Proteção Civil de “graves e reiteradas insinuações”.
Num comunicado, enviado na passada quinta-feira, dia 29 de março, ao ‘Jornal de Notícias’, que se publica na cidade do Porto, a ‘Heliavionics’ reagiu ao encerramento ordenado pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) do hangar de Ponte de Sor, onde os helicópteros do Estado estão parados sob a alçada da Everjets – que subcontratou a empresa russa para o trabalho de manutenção.
A empresa garante que “já prestou os esclarecimentos à sociedade Everjets, tendo informado esta que não se encontra a efetuar qualquer desvio de peças ou componentes das aeronaves Kamov, limitando-se a transportar peças que se encontram a ser objeto de ações de manutenção para o seu laboratório aeronáutico, a menos de 300 metros do hangar da ANPC”.
Os técnicos russos frisam que ambos os hangares estão “dentro do perímetro do aeródromo de Ponte de Sor”. E que “há mais de dois anos” que assim tem sido feita tal “execução do contrato”.
Segundo a Heliavionics, além dos seus técnicos que foram expulsos pelos inspetores da ANPC, na terça-feira passada, “foram expulsos do mesmo modo os técnicos do fabricante das aeronaves Kamov que se deslocaram da Rússia a Portugal para efetuar a avaliação técnica das ações de manutenção”. “Quanto a estes técnicos, pergunta-se: porque a ANPC expulsou do hangar os representantes do próprio fabricante das aeronaves?”, lê-se no documento.
Para a empresa russa, são “infames” as “insinuações perpetradas pela ANPC”, que provocam “graves prejuízos à Heliavionics”, que diz ser a “única sociedade em Portugal certificada para efetuar ações de manutenção” no Kamov.
Por isso, dizem, a Heliavionics diz que se encontra “atualmente a avaliar os prejuízos e as consequências” da decisão da ANPC.
Os técnicos russos foram subcontratados pela empresa Everjets, a quem o Estado entregou a operação e manutenção dos helicópteros pesados Kamov, estando três deles a ser alvo da tal ação de manutenção. Antes, as aeronaves estavam sob alçada de uma outra empresa, a HeliPortugal, que agora opera os helicópteros ligeiros e se encontra no mesmo hangar de Ponte de Sor.
Este episódio surge mais de um mês depois de o Estado ter avançado com multas contra a Everjets por atraso na operação dos Kamov. Um dos três aparelhos que estão a ser intervencionados já deveria ter sido dado como concluído e operacional.
- Texto publicado pelo ‘Jornal de Notícias’