A companhia aérea australiana Qantas detetou uma fissura junto da asa de um dos seus aviões Boeing 737-800, modelo que integra a gama denominada por Next Generation (NG), versões 700 e 800, que são anteriores ao Boeing 737 MAX, aparelho que, presentemente, está proibido de voar.
A primeira denúncia da situação foi feita por um sindicato de engenheiros de manutenção aérea, que depois virou ordem da autoridades nacional de aviação civil da Austrália, logo que a entidade confirmou a falha num dos aparelhos que passava por uma revisão mais profunda. A companhia australiana espera ter, até ao fim-de-semana toda a sua frota inspecionada. Nesta quinta-feira, cerca de 30 dos 75 aviões da Qantas já tinham sido inspecionadas.
O alerta que esta semana surge da longínqua Austrália chamou à ordem do dia os incidentes técnicos que têm surgido em aparelhos da Boeing. Outras companhias seguiram o alerta da Qantas e estão também a inspecionar os seus aparelhos dos mesmos modelos. No Brasil a companhia GOL terá também encontrado fissuras em alguns dos seus aparelhos Boeing 737 NG, segundo relatou o site de notícias da aviação ‘Aeroin.net’.
A própria Boeing admitiu esta semana que a zona onde se verificou a fissura é propensa a esses eventos nos aviões com mais de 30.000 ciclos, e que já havia alertado no início do mês para essas ocorrências. A agência de notícias ‘France Presse’ (AFP) noticiou nesta quinta-feira que se encontram parados em todo o mundo, pelo menos, 50 aviões que serão intervencionados devido, precisamente, a esse problema: Engenheiros de algumas companhias norte-americanas dizem ser uma avaria estrutural, cujo motivo não está perfeitamente identificado, e que nunca tinha sido identificada pela fábrica.
De acordo com a Boeing, as fissuras foram encontradas no pickle fork, uma peça em forma de forquilha ou garfo de pickles, como indica o nome, que faz a ligação com a asa e ajuda a distribuir o peso da fuselagem.
A Qantas diz que não tem na frota nenhum aparelho daquela gama com mais de 30 mil ciclos e que o avião em que foi encontrada a fissura tinha menos de 27 mil ciclos.
“Nunca usaríamos um avião a não ser que fosse completamente seguro”, argumentou a Qantas, em comunicado. “Mesmo que haja uma fissura, isso não compromete imediatamente a segurança da aeronave”, acrescenta a companhia aérea australiana.
Esta situação é conhecida dois dias depois de a Boeing ter admitido publicamente que a empresa cometeu “erros” nos acidentes mortais com aviões do modelo 737 MAX 8 na Indonésia (outubro de 2018) e na Etiópia (março de 2019).
O presidente executivo da Boeing Company, Dennis Muilenburg, esteve no Congresso norte-americano, em Washington D.C., onde perante os congressistas e alguns familiares das vítimas dos dois desastres em que intervieram aviões Boeing 737 MAX, reconheceu as culpas da fabricante na má concepção dos aparelhos e a falta de testes suficientes para assegurar a sua navegabilidade em completa segurança.