A União Europeia vai proibir todas as companhias aéreas russas de servir destinos nos Estados-membros e de voar através do seu espaço aéreo. Esta medida deve ser anunciada neste domingo, dia 27 de fevereiro, depois de diversas companhias aéreas europeias, terem cancelado as suas operações comerciais para aeroportos russos e de se recusarem a sobrevoar o espaço aéreo da Rússia.
O Grupo Lufthansa anunciou neste sábado, dia 26, a suspensão dos voos para Moscovo e o sobrevoo do espaço aéreo da Rússia durante uma semana. A KLM, outra das grandes companhias aéreas europeias, sediada nos Países Baixos, também decidiu não voar para a Rússia (Moscovo e São Petersburgo) durante as próximas duas semanas.
À medida que nos últimos dias os países europeus foram anunciando o seu boicote aos voos para a Rússia, em protesto contra a invasão da Ucrânia, e a proibição da passagem nos seus espaços aéreos de aviões de registo russo, também em Moscovo, as autoridades nacionais responderam na mesma moeda, proibindo aviões desses países de passarem no espaço aéreo controlado pelo regime de Putin.
Anteriormente, vários países da Europa de Leste anunciaram o encerramento do seu espaço aéreo às companhias aéreas russas. Na quinta-feira, o Reino Unido foi o país que deu o primeiro passo, seguido pela Polónia, República Checa e Bulgária na sexta-feira, e pela Letónia, Lituânia, Estónia, Eslovénia e Roménia neste sábado. Ao fim da noite soube-se que a Finlândia também tinha fechado o espaço aéreo a aviões russos.
No caso deste último país do Norte da Europa, e com fronteira comum com a Rússia, é curioso o facto de ter aderido tão rápido ao boicote. Não só pelas fortes ameaças de Putin, que ameaçou reconquistar o território finlandês, que já integrou o Império Russo (entre 1809 e 1917), antes de se tornar independente após uma sangrenta guerra civil com os seus vizinhos. Mas, sobretudo porque a companhia aérea nacional Finnair tem um acordo com a Rússia para voar sobre a Sibéria, a denominada Rota Polar, que lhe permite chegar em menos tempo a importantes cidades asiáticas que são hoje praticamente o grande negócio da empresa. Veremos agora o que acontecerá.
O encerramento do espaço aéreo da Rússia, quer por boicote dos países que não concordam com a invasão da Ucrânia, quer por proibição de Moscovo, criará constrangimentos importantes no transporte aéreo comercial. Uma das consequências imediatas será a maior duração das viagens nas rotas intercontinentais, entre a Europa e a Ásia Oriental e vice-versa, além também do movimento entre a Ásia Oriental e a costa leste dos Estados Unidos da América. Daí um aumento de tarifas, dada a obrigação das companhias aéreas afetadas terem de redesenhar as suas rotas.
E não só no tráfego de passageiros. Também na carga aérea, já que a proibição das companhias russas poderá criar importantes problemas logísticos, uma vez que o principal grupo russo de transporte de carga aérea, Volga-Dnepr Airlines, tem os seus aviões em constante vai-vém para cidades europeias ao serviço de uma das maiores empresas de carga e correio expresso, a DHL, controlada pelos correios da Alemanha.
A320 da Aeroflot foi o último a atravessar os céus europeus antes da declaração de Bruxelas
Neste sábado, dia 26, ao fim do dia, o único avião da Aeroflot, a maior companhia aérea russa, formada por capitais públicos, que estava em atividade voava de Tenerife, na Ilha de Tenerife (Canárias, Espanha), com destino a Moscovo/Domodedovo. O A320 da Aeroflot, matrícula VP-BRG, deve aterrar na capital russa pelas 06h30 locais, indica o site de rastreamento de voos ‘FlightRadar24’. Pelas 23h40 sobrevoou espaço aéreo português em direção a França.
O avião transporta turistas que passaram férias em território espanhol, e deve ser o último ao serviço de uma companhia russa que atravessa a Europa antes de ser declarada a proibição de Bruxelas.