Ex-PCA da TACV diz que as receitas em 2019 não cobriam sequer os custos operacionais

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O ex-presidente do Conselho de Administração da TACV – Transportes Aéreos de Cabo Verde, revelou nesta segunda-feira, dia 16 de maio, que a empresa não alcançou os seus objectivos porque os custos eram “extremamente elevados” e não tinha possibilidade de conseguir um equilíbrio operacional por conta dos meios de produção.
José Sá Nogueira, que esteve à frente da transportadora aérea cabo-verdiana de 2016 a 2019, fez esta revelação na Cidade da Praia, ilha de Santiago, durante a audição da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a privatização da empresa. Adiantou que a empresa vinha tendo prejuízos sucessivamente ao longo de décadas.
“Quando chegámos em 2016 o capital estava negativo, acho que em nove milhões de contos (moeda cabo-verdiana), e o passivo estava elevado em cerca de 10 ou 12 milhões de contos. Um passivo desta envergadura que quase 80% do passivo não é corrente significa que não há gestor no mundo que consiga implementar o seu plano porque a pressão dos credores é altíssima”, disse.
Segundo José Sá Nogueira, todos os recursos que se geravam eram para cobrir os gastos operacionais e mesmo assim “não eram suficientes”, sendo que a empresa tinha que negociar com os credores no sentido de não continuarem a pressionar e adiar o pagamento.
O facto de ter um único avião, obrigava a empresa a recorrer muitas vezes ao regime de leasing para poder dar respostas, pelo que os custos de estrutura eram “extremamente elevados”.
As receitas não cobriam os custos correntes, quanto muita as dívidas acumuladas, disse o ex-gestor, que adiantou que tinha de ser o acionista Estado a injetar dinheiro para garantir a sobrevivência da companhia aérea.
José Sá Nogueira assegurou nesta comissão parlamentar que o Conselho de Administração não teve nenhuma intervenção direta no cancelamento das operações domésticas da TACV.
“A posição do Conselho de Administração foi na base de solicitar do Governo para preparar uma análise do impacto que a retirada teria. Face a essa necessidade o acionista Estado achou por bem estancar a hemorragia financeira, já que o mercado doméstico era um dos grandes contributos da perda que a companhia tinha face a essa situação. Tendo em conta que já existia outro operador, o Governo achou por bem que deveria avançar com a retirada da TACV do mercado doméstico”, acrescentou.

 

  • A imagem de abertura é de arquivo (agosto de 2015) mostra dois ATR72-500 da TACV. Fotos © Carlos Freitas

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