Fernando Pinto, presidente executivo da TAP Portugal, admitiu em entrevista à agência noticiosa Lusa, que um somatório de factores associados a um crescimento do tráfego acima do esperado têm conduzido a cancelamentos de voos, o que classifica de “dores de crescimento”, que espera estarem sanadas em Agosto.
O responsável pela gestão da transportadora aérea portuguesa explicou como “vários factores” estão a abalar a operação da companhia, levando a que o índice de cancelamentos da TAP passasse de uma média de 1% para 2% em Junho e Julho. Um valor que, embora “alto”, considere que deve ser “relativizado”, pois representa uma média de sete voos cancelados em 350 diários.
“Tivemos um atraso na recepção dos [seis] aviões, também um atraso na formação, sobretudo de tripulantes. Neste momento, conseguimos formar cerca de metade dos tripulantes que gostaríamos de ter formado”, declarou Fernando Pinto na entrevista que está a ser reproduzida no dia de hoje, 16 de Julho, nos principais meios da imprensa portuguesa.
O atraso no reforço da frota e do pessoal, indispensável para operar as 11 novas rotas lançadas em Julho pela TAP, agravou-se com um crescimento do tráfego acima do esperado.
“Não se considerou o efeito muito forte do crescimento. Não contávamos que acontecesse. Sem as novas rotas, crescemos 7% no primeiro semestre, o que é algo absolutamente impressionante e não tem comparação na Europa”, adiantou o presidente da companhia aérea nacional.
Fernando Pinto apelidou esta ‘dificuldade’ em acomodar “crescimento [de rotas] em cima de crescimento [de tráfego] como “dores de crescimento”.
“Portugal precisa de nós, o turismo precisa de nós, temos feito a nossa parte, mas estamos a sofrer as dores do crescimento”, declarou, acrescentando que “tem dado trabalho”.
Fernando Pinto reconheceu ainda que os atrasos e cancelamentos fazem “mossa” à companhia, antecipando uma normalização da operação “até à primeira quinzena de Agosto”.
Aos passageiros, agradece a preferência e “pede desculpa por todos os incómodos”, sustentando que “a TAP fica mais triste [com os cancelamentos] com isso do que o próprio passageiro”.
A agravar a situação, prosseguiu, o Mundial de Futebol fez com que fosse quase impossível fretar aviões a outras companhias aéreas para responder à procura.
A estes factores somam-se ainda a recente greve de controladores aéreos em França, o incidente com um avião da TAP no sábado em Lisboa, entre outros que enumerou, que prejudicaram a operação no seu todo.
Sobre o atraso na entrega dos seis novos aviões (quatro de médio curso e dois de longo curso) com que a TAP reforçou a frota, Fernando Pinto admitiu que as previsões podiam ter sido “mais conservadoras”, explicando que também houve demora na recepção de peças para fazer a adequação dos veículos comprados a outras companhias para voar na TAP.