O ministro português das Infraestruturas disse que o fim dos cortes salariais aplicados a trabalhadores da TAP, no âmbito da reestruturação, pode ser antecipado pela substituição por novos acordos de empresa, ou quando a companhia der lucro.
“Os trabalhadores continuam a ser os mais prejudicados? É a mais pura das verdades. Estão a trabalhar muito e têm corte salarial muito significativo num momento particularmente difícil e nenhum de nós ousa escamotear isso. A questão é que nós estamos com uma empresa que esteve à beira de fechar, está a recuperar mais rapidamente mas ainda dá prejuízo, aumentar os custos laborais é aumentar o prejuízo”, começou por explicar o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, que foi ouvido na quarta-feira, dia 19 de outubro, no parlamento, em Lisboa, numa comissão parlamentar sobre a privatização da TAP e sobre o caso dos contratos com entidades públicas celebrados pela empresa do pai, na qual tem uma participação de 0,5%.
O governante respondia a questões, das deputadas Paula Santos (Partido Comunista Português) e Mariana Mortágua (Bloco de Esquerda), sobre os cortes salariais que continuam a ser aplicados a trabalhadores da TAP, apesar de a empresa estar a recuperar mais rápido do que o previsto.
“Há outra via que os sindicatos conhecem”, prosseguiu o ministro, “que é conseguirmos fazer a revisão dos acordos de empresa e substituirmos os acordos de empresa. […] O seu fim [dos cortes] pode ser antecipado pela substituição por novos acordos de empresa, ou então quando a TAP conseguir dar resultado positivo e possamos ter margem para iniciar a reposição dos cortes”.
O plano de reestruturação da TAP prevê que a companhia aérea comece a dar lucro em 2025 e previa um resultado operacional positivo em 2023, algo que a empresa já atingiu no primeiro semestre do ano.
Questionado sobre o modo como a privatização da TAP será feita, que o ministro chama de “abertura de capital”, Pedro Nuno Santos voltou a dizer que o processo ainda não foi iniciado, pelo que não pode adiantar detalhes, mas explicou que será feita uma avaliação “independente” dos 3.200 milhões de euros que o Estado injetou na companhia.
“Há um conjunto de matérias que foram elencando aqui que são passíveis de ser garantidas num processo de negociação”, acrescentou o ministro, que foi questionado sobre a situação dos trabalhadores, no caso de uma privatização.
- Notícia publicada pelo ‘Jornal de Notícias’ na quarta-feira, dia 19 de outubro de 2022