A FIR Oceânica do Sal controlou em 2020 uma média de 65 aeronaves por dia, em passagem no espaço aéreo gerido por Cabo Verde, quase menos 60% face a 2019, segundo dados da empresa pública ASA.
De acordo com um boletim de tráfego da empresa pública Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), ao qual a agência de notícias portuguesa ‘Lusa’ teve acesso, Cabo Verde controlou (sobrevoos) um total de 23.783 aeronaves em 2020, contra as 58.345 em 2019 (-59,2%).
No boletim, a ASA reconhece que em janeiro e fevereiro a FIR, cuja gestão é uma das atividades mais rentáveis daquele empresa estatal, “crescia a bom ritmo”, de 8,5% por mês, face a 2019, mas que face à pandemia de covid-19 “verificou-se a partir de março um decréscimo acentuado que se seguiu nos meses seguintes, afetando assim todo o ano de 2020”.
“A partir de maio nota-se uma ligeira melhoria mês após mês, mas ainda assim muito aquém dos primeiros meses, e longe do registado nos meses homólogos de 2019”, reconhece a empresa.
A gestão desta FIR é uma das principais fontes de receitas do setor aeronáutico de Cabo Verde.
Dezembro foi mesmo o melhor mês após o surgimento da pandemia, com 1.949 sobrevoos controlados pela FIR de Cabo Verde, mas distante dos valores de janeiro e fevereiro, respetivamente 5.151 e 4.552 sobrevoos.
O setor da aviação é um dos mais afetados pela pandemia de covid-19 em todo o mundo, com fortes limitações à atividade face ao encerramento do espaço aéreo de vários países, na tentativa de conter a progressão da doença.
Os rendimentos da ASA com o setor da navegação aérea cresceram 19% de 2017 para 2018, para 2.945 milhões de escudos (26,6 milhões de euros), o equivalente a 43% de todas as receitas da empresa pública, que gere os aeroportos do país, não tendo a empresa divulgado publicamente, até ao momento, os resultados de 2020.
TAP Air Portugal liderou com quase quatro mil sobrevoos
Das principais operadoras a sobrevoar o espaço aéreo de Cabo Verde em 2020 a companhia portuguesa TAP liderou, segundo a ASA, com uma quota de 16,4%, correspondente a quase 4.000 sobrevoos, mas longe dos 10.304 em 2019 (-62,1%).
A FIR (região de informação de voo) corresponde a um espaço aéreo delimitado verticalmente a partir do nível médio do mar, sendo a do Sal – que existe desde 1980 – limitada lateralmente pelas de Dacar (Senegal), Canárias (Espanha) e Santa Maria (Açores, Portugal).
Toda esta área está sob jurisdição das autoridades aeronáuticas cabo-verdianas, tendo a FIR sido criada em 1980.
A localização estratégica da FIR do Sal coloca-a “na encruzilhada dos maiores fluxos de tráfego aéreo entre Europa e a América do Sul e entre a África Ocidental e a América do Norte e Central e as Caraíbas”, explicou anteriormente a ASA.
O pico histórico mensal do movimento na FIR Oceânica do Sal registou-se em julho de 2019, com um total de 5.424 aeronaves controladas, equivalente a 175 sobrevoos diários.
O Centro de Controlo Oceânico do Sal funciona no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, tendo sido inaugurado em 24 de junho de 2004.
A FIR Oceânica do Sal controlou 58.345 movimentos de aeronaves em 2019, o maior número de sempre e um crescimento de 12,9% face ao ano anterior, segundo dados anteriores da ASA.