O aplicativo brasileiro desenvolvido há dois anos tem uma proposta para democratizar a aviação executiva, através da tecnologia mobile. Apresentando a economia compartilhada por meio de vendas de assentos, o usuário pode voar num avião fretado por um preço acessível, ou alugar uma das 145 aeronaves certificadas de táxi aéreo.
De acordo com o Paul Malicki, presidente executivo da Flapper (na imagem de abertura), a empresa pretende lançar mais de uma dezena de novos trechos para final do ano: “Nosso foco principal continua sendo construir uma rede de rotas compartilhadas entre aeroportos não disponíveis para clientes de aviação comercial, com foco especial nos destinos Premium. Para o final do ano, preparamos voos compartilhados para destinos como Jericoacoara, São Miguel dos Milagres, Praia de Carneiros ou Praia de Algodões”, afirmou o responsável. “No ano que vem, assim quando atingirmos uma massa crítica, lançaremos um modelo de assinatura, no qual os usuários poderão pagar uma taxa fixa para voar ilimitadamente no Sudeste. Enquanto isso, também oferecemos fretamento de aeronaves e helicópteros diretamente no nosso marketplace”, complementou.
“Democratizar a aviação executiva por meio da tecnologia “
A Flapper foi lançada no início de 2016, com uma missão particularmente ambiciosa: democratizar a aviação executiva por meio da tecnologia. A ideia nasceu como uma resposta para a falta de serviço de primeira classe na aviação comercial. Como viajavam muito, os sócios perceberam que existe um nicho pouco explorado de voos compartilhados na aviação executiva brasileira. Na época, Malicki atuava como administrador e sócio da Easy Taxi ― posteriormente adquirida pela Cabify. Os cofundadores Arthur Virzin, Iago Senefonte e William Oliveira faziam parte da equipa de desenvolvimento da Qiwi Brasil, fintech russa de pagamentos que passou a ser cotada na Nasdaq a partir de 2013. Arthur liderou a equipa de tecnologia desde 2011, no começo das operações da empresa no País.
Hoje, o Brasil possui 2.457 aeroportos, sendo que apenas 121 deles têm ligação sistemática entre duas cidades. O País é considerado o segundo maior mercado de aviação privada do mundo ― o primeiro lugar é ocupado pelos Estados Unidos da América. Contudo, somente 22% de todos os voos são de táxi aéreo. Falta de tecnologia, compartilhamento e estratégia de distribuição eficaz tornam o mercado de táxi aéreo subutilizado, com potencial para crescer o dobro nos próximos três anos. As pesquisas da Flapper mostram, ainda, que o Brasil tem mais de 400 mil potenciais clientes para aluguer de aeronaves. Considerando a venda por assento, o número é ainda mais animador: são 2,7 milhões de pessoas com potencial poder de compra.
Primeiras rotas entre São Paulo e Rio de Janeiro
Até o momento, a Flapper possui rotas entre capitais (São Paulo e Rio de Janeiro) e as cidades de Búzios e Angra dos Reis. A empresa pretende lançar voos para Belo Horizonte já no final deste ano. O preço médio por assento das viagens varia entre os 300 e os 800 reais nos trechos para o litoral e 750-900 reais nas rotas das capitais.
Ao baixar o aplicativo, o cliente se cadastra e escolhe o destino de preferência. Com isso, o sistema disponibilizará os jatos para um número determinado de passageiros, assim como os aeroportos disponíveis. O usuário pode escolher a aeronave, o número de assentos que deseja, o horário do voo disponível e a forma de pagamento, finalizando a compra no próprio aplicativo. Os voos são postados com horários sugeridos de partidas, sendo que os dois primeiros passageiros têm o direito de escolher aquele que melhor atenda à sua necessidade. Isso, juntamente com a obrigação de operar dentro de rotas que envolvam pelo menos um “aeroporto não comercial”, permite que a Flapper opere de acordo o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil nº 135 (RBAC 135).
O aplicativo também permite alugar um avião ou helicóptero sob demanda, com preços e pagamentos em tempo real. O mercado corrente de táxi aéreo funciona exclusivamente com um sistema de cotação, sem informação de preços. A nova plataforma já agrega mais de 100 aeronaves com homologação TPX para fretamento.
Outra opção inovadora são as “empty legs”, ou pernas vazias, que são ofertas de voos por preços entre 40% e 50% mais baratos do que o normal. De acordo com a empresa, essas ofertas ocorrem quando uma aeronave é solicitada para um determinado local, e, para evitar trechos sem ocupação na volta, o aplicativo oferece descontos. Em geral, esses assentos esgotam-se em, no máximo, duas horas. Com isso, os usuários podem encontrar voos ocasionais entre Belo Horizonte e Brasília ou Porto Alegre, por exemplo, a um custo de 350 a 800 reais.
Para os seus voos compartilhados, a empresa utiliza aviões executivos modelos King Air 250 e Pilatus PC-12, aeronaves seguras e confiáveis, diz a Flapper. Hoje o Pilatus é considerado o mais seguro turbo-hélice do mundo. O King Air está entre os primeiros três do ranking. Todos os aviões são homologados pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), com licença TPX, e operados por parceiros da Flapper.
Todos os parceiros da Flapper operam exclusivamente com aeronaves certificadas, incluindo jatos e helicópteros regulados pela ANAC, de acordo com a RBAC 135.