Flybe entra na bancarrota pela 2ª vez – Voos cancelados em toda a rede

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A companhia britânica Flybe, que fazia voos regionais entre cidades da Grã-Bretanha e norte da Europa, anunciou na manhã deste sábado, dia 28 de janeiro, que entrou em insolvência e que foram nomeados dois administradores judiciais – David Pike e Mike Pink da ‘Interpath Advisory’ – para tratarem do encerramento da empresa.

A Flybe já tinha experimentado uma primeira falência, há três anos, mas conseguiu recuperar e apresentar um plano de recuperação e voltou a voar há cerca de nove meses. Atualmente tinha 276 funcionários, oito aviões DHC Dash 8-400 e operava 17 linhas regionais.

As primeiras informações indicam que ficaram algumas centenas de passageiros em aeroportos nacionais e europeus, sem voo de regresso, enquanto outros que já tinham adquirido viagens, ficarão sem transporte e os 276 funcionários sem emprego. Contudo, 45 continuarão a trabalhar com a comissão liquidatária da empresa, até ao total encerramento da Flybe.

David Pike, director executivo da ‘Interpath Advisory’ e agora co-administrador conjunto da empresa em falência, afirmou: “Daremos apoio àqueles que foram afetados pelo despedimento, incluindo apoio na apresentação de pedidos de indemnização por parte do Serviço de Pagamentos de Redundância, e, o que é importante, ajudaremos os funcionários a obter acesso a registos e informações importantes, tais como registos de formação”.

Quanto às operações da própria companhia aérea, dados da empresa de análise de aviação ‘Cirium’ mostram que a Flybe servia até este final de semana 17 destinos em todo o Reino Unido e na Europa continental, principalmente a partir das suas bases nos aeroportos de Birmingham e Belfast City.

Isto incluiu também sete voos diários de Londres/Heathrow para destinos como Amesterdão, Belfast, Newcastle e Newquay. Os pares de slots em Londres/Heathrow são muito procurados e os administradores poderão ver várias companhias aéreas a competir por eles.

Só na próxima semana, Flybe deveria operar 292 voos, o que significa que potencialmente 22.700 passageiros estão agora sem voos.

 

Uma história de altos e baixos que acaba na insolvência

A atual empresa proprietária da companhia aérea – a Flybe Ltd – começou a vida como Cyrus Capital e formou uma empresa chamada ‘Thyme OpCo’ que foi utilizada para comprar a marca Flybe aos administradores da antiga Flybe que entrou em colapso em 2020.

A Flybe original era propriedade da Virgin Atlantic e da Connect Airways, esta também subsidiária da Cyrus Capital, na altura do colapso em 2020.

Christine Ourmières-Widener, atual presidente executiva (CEO) da companhia aérea portuguesa TAP, foi a última CEO da Flybe, antes da primeira falência em 2020. Liderou a gestão da empresa britânica entre 2017 e 15 de julho de 2019, tendo saído numa ocasião em que os proprietários da Flybe, numa fase de grandes dificuldades financeiras por falta de crédito na banca, tinham decidido vender a empresa, numa operação que acabou por não evitar o derrube da companhia aérea.

A atual presidente da TAP, contestada então pelos maus resultados obtidos numa época difícil para a companhia britânica, destacou-se contudo por uma iniciativa que colheu a simpatia de quem trabalhava na aviação comercial do Reino Unido, sobretudo entre as mulheres. Lançou uma campanha de empoderamento do trabalho feminino na aviação, numa pretensa iniciativa para sensibilizar mais mulheres para as profissões relacionadas com a aeronáutica, tradicionalmente dominadas pelos homens. ‘FlyShe’ foi bem aceite e teve ampla divulgação na imprensa nacional e especializada do Reino Unido e da Irlanda, atingindo o público alvo pretendido.

Em abril do ano passado, a empresa foi rebatizada para Flybe Ltd e depois de ter conseguido reativar as licenças necessárias iniciou operações a partir de Birmingham e Belfast.

A Flybe planeava realizar até 530 voos por semana com uma frota de 32 aeronaves turboélices Dash 8-400, mas após nove meses de operações apenas conseguiu apresentar uma frota de oito aeronaves: Teve de reduzir frequências em algumas rotas, o que levou a cancelamentos consecutivos. O resultado está à vista.

 

  • Foto de abertura @ Patrik Büchler/Aviation Photography

 

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