Um funcionário de terra da companhia aérea norte-americana Alaska Airlines sequestrou um avião comercial Bombardier Dash Q400, registo N449QX, pertencente à empresa subsidiária Horizon Air e levantou voo, clandestinamente, do Aeroporto Internacional de Seattle/Tacoma, no Estado de Washington, na costa oeste dos Estados Unidos da América, ao fim da tarde de sexta-feira, dia 10 de agosto.
O avião foi depois acompanhado por dois caças-bombardeiros F-15 da Força Aérea dos EUA, que descolaram de uma base aérea próxima, que acompanharam a aeronave em voo, sem contudo fazer fogo. A intenção principal era desviar o aparelho roubado de áreas habitacionais e levá-lo a pousar na base aérea.
A aeronave e o piloto acabaram por se despenhar em terra, cerca de 90 minutos depois de descolar, na ilha de Ketron, frente à baía de Chambers, devido a um erro de pilotagem, e depois de um diálogo com a torre de controlo do aeroporto, em que o improvisado piloto proponha à companhia admiti-lo como piloto se pousasse o Dash Q400 em segurança. Depois terá dito ao controlador que ninguém lhe iria perdoar, mas “alguns iriam pensar que tinha os parafusos da cabeça fora de sítio”. No aeroporto, colegas disseram que era uma pessoa calma e um exímio praticante de jogos de computador. O certo é que este piloto acidental conseguiu algumas proezas com o avião, inclusive uma passagem com a aeronave em posição invertida e outras passagens a alta velocidade, superiores às normais de cruzeiro para este tipo de aparelho, o que logo levantaram suspeitas entre as pessoas que, nas suas casa, estavam a assistir à evolução do avião de passageiros.
A queda do Dash Q400 ter-se-á verificado pelas 21h30 locais (04h30 de sábado, dia 11 de agosto, na hora UTC). Perdeu-se a aeronave, um turboélice bimotor que tinha capacidade para transportar 76 passageiros, e o ‘corajoso piloto’, entretanto identificado como funcionário de rampa da Alaska Airlines e com 29 anos de idade, morreu neste inusitado acidente envolvendo um avião comercial pertencente a uma companhia de transporte aéreo regular.
As autoridades norte-americanas, nomeadamente a Administração Federal de Aviação (FAA), anunciaram que já ordenaram a instauração de um rigoroso inquérito, a fim de apurar, nomeadamente, a forma como o avião e o jovem conseguiram iludir a vigilância e a torre de controlo aéreo e descolar por uma pista que, nesse momento, estava em serviço. O FBI também abriu um inquérito independente, embora já tenha declarado que não existem ligações do jovem a grupos terroristas.
Na tarde deste sábado, dia 11 de agosto, a família de Richard Russel, o empregado do setor de transporte de bagagens da Horizon Air que desviou o avião e morreu na sua queda, fez uma declaração pública em que se manifestou chocada com o sucedido. Foi também confirmada a identificação da vítima e confirmado que trabalhava em terra e não era mecânico de aviões como algumas notícias continuam a referir.
Um caso semelhante ocorreu com outro avião turboélice de transporte de passageiros, no dia 11 de outubro de 1999, na República do Botsuana, na África Austral. Um piloto que se encontrava de baixa médica, por motivos psiquiátricos, embarcou num ATR42 que se encontrava estacionado no Aeroporto de Gaborone, capital do país, sem autorização ou plano de voo, e pousou duas horas depois. Quando aterrou colidiu com dois outros ATR da companhia que estavam estacionados no aeroporto, que arderam, destruindo totalmente a frota disponível da companhia. Chris Phatswe, assim se chamava o piloto, única vítima mortal, disse deliberadamente que ia suicidar-se, em protesto contra a atuação da administração da Air Botswana.
- Notícia atualizada às 10h00 UTC de 12 de agosto de 2018