A Autoridade Nacional de Proteção Civil de Portugal, em articulação com o Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira, realiza, no próximo dia 2 de maio, pelas 10h00, testes operacionais com o objetivo de analisar a viabilidade técnica de utilização de meios aéreos no combate aos incêndios florestais na ilha.
Os exercícios contam com um helicóptero ligeiro e um avião médio que vão ser testados em diferentes cenários, quer ao nível da tipologia do terreno, quer das condições meteorológicas e do mar, revela uma nota do Ministério da Administração Interna distribuída nesta sexta-feira, dia 28 de abril.
Os testes, que terão a duração aproximada de duas horas, vão realizar-se na presença do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, da secretária regional da Inclusão e Assuntos Sociais da Madeira, Rubina Leal , de elementos da Autoridade Nacional de Proteção Civil e do Serviço Regional de Proteção Civil da Madeira.
Testes solicitados pelo Governo da Região Autónoma da Madeira
Os testes à operacionalidade dos meios aéreos no combate a incêndios florestais na Madeira são desde há muito motivo de debate na Região Autónoma. O acidentado acentuado das montanhas da ilha ao redor da cidade do Funchal, capital da Região Autónoma, e onde, tradicionalmente, se manifestam fogos florestais, levou, no passado, diversas entidades a considerarem que a utilização de helicópteros ou de aviões cisternas não seria a solução adequada, devido à perigosidade da operação, nomeadamente por que nesses dias em que há fogo se verificam condições meteorológicas anormais, nomeadamente ventos, que conferem às operações uma alto grau de risco.
Após os fogos de 2016 que chegaram à parte urbana da cidade do Funchal, com a destruição de diversas casas de habitação e alguns mortos, a questão voltou a debate que tem sido especialmente político, com duas forças partidárias a pugnarem pelos testes. De um lado o Partido Socialista (PS), da cor do Governo da República e cujos dirigentes regionais dizem que os testes se realizam pela sua determinação e vontade política de tirar a limpo todas as dúvidas. Por outro lado, o Partido Social-Democrata (PSD) que sustenta o Governo da Região Autónoma e que teve de solicitar a Lisboa os testes, pois é ao nível do Governo da República que se podem resolver essas dúvidas.
Acontece que o líder socialista na Região Autónoma anunciou na semana passada que os testes se iriam realizar em maio. OS helicópteros chegaram à Madeira apanhando de surpresas os governantes regionais que não tinham qualquer indicação sobre a chegada dos meios solicitados ao governo central.
Lisboa esclarece ‘mistério’ dos helicópteros que chegaram à Madeira
Nesta quinta-feira, dia 27 de abril, o secretário de Estado da Administração Interna do Governo Português garantiu não ter havido “falta de respeito institucional” para com o Governo Regional da Madeira relativamente à chegada de dois helicópteros ao aeroporto da ilha principal do arquipélago, no passado domingo, uma situação que também surpreendeu o executivo da República, em Lisboa.
Na terça-feira, dia 25 de abril, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, tinha considerado “estranho” que o Governo da República tenha enviado para a região autónoma dois helicópteros de combate a incêndios florestais sem informar o executivo regional.
Em declarações aos jornalistas em Viseu, o secretário de Estado disse ter havido “alguma desinformação ou alguma falta de conhecimento” e que a decisão de levar os dois helicópteros para a Madeira mais cedo do que o previsto partiu da empresa que está responsável por fazer os testes, para apurar a sua eficácia no combate a incêndios florestais no início de maio.
“Também ficámos surpreendidos. Nós só tivemos conhecimento de que dois helicópteros se encontram na Madeira porque os serviços regionais de Proteção Civil perguntaram à Proteção Civil Nacional o que é que estavam lá a fazer”, relatou.
Segundo Jorge Gomes, a Autoridade Nacional de Proteção Civil contactou a empresa e obteve a justificação de que os dois helicópteros já se encontravam estacionados na Madeira “por razões logísticas”.
O secretário de Estado sublinhou que as relações institucionais com o Governo Regional “são as melhores” e que “não houve problema rigorosamente nenhum”, estando neste momento o programa dos testes “todo na mão da secretária regional, a aguardar uma aprovação local, para ver se deve decorrer assim ou não”.
Jorge Gomes lembrou que este estudo surgiu na sequência de uma decisão tomada em Agosto pelo Governo Regional, que “solicitou ao primeiro-ministro ajuda para elaboração de um estudo para ver a viabilidade de serem usados meios aéreos na Região Autónoma da Madeira” no combate a incêndios florestais.
“Fez-se o estudo todo e está concluído. Foi remetido para o gabinete do primeiro-ministro e neste momento só faltam os testes”, referiu.
O resultado final “será transmitido ao gabinete do primeiro-ministro e é ao primeiro-ministro que competirá fazer o anúncio da viabilidade, ou não, do funcionamento dos meios aéreos no arquipélago da Madeira”, acrescentou.