O Governo da República de Cabo Verde poderá colocar o modelo de hub aéreo em “pousio temporário” e redirecionar a a companhia aérea nacional – a Cabo Verde Airlines (ex-TACV) – para outros nichos como o mercado étnico e do turismo, disse nesta quarta-feira, dia 22 de julho, o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos.
O governante, que apresentava os impactos da pandemia de covid-19 para os sectores do turismo e transportes aéreos e as perspectivas futuras, durante uma conferência promovida pelo grupo parlamentar do partido político MpD, afirmou que os transportes aéreos acabam por ser o sector que mais sofreu e está a sofrer com a pandemia.
Carlos Santos explicou que no ano de 2019 ficou demonstrado e testado que o hub aéreo da ilha do Sal é um modelo de negócio que funciona.
“Nós temos a noção dos números de 2019, do aumento de passageiros que passaram pelos aeroportos de Cabo Verde que foi de cerca 2% (cerca de 2,7 milhões de passageiros). A TACV teve um aumento de 94% nos passageiros transportados. Portanto, podemos dizer que esse modelo de redistribuição de passageiros e carga intercontinental está testado”, disse.
Contudo, indicou que perante a situação da pandemia e daquilo que são os números da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, sigla em inglês) que dizem, claramente, que só em 2024 o sector poderá voltar aos números de 2019, que devido à retração da procura, é preciso olhar para a questão da TACV e para a questão do hub.
Para questão do hub afirmou que é entendimento do Governo que deve haver uma redefinição daquilo que é modelo de negócio para os próximos tempos.
“Eu ousaria dizer que poderemos pôr esse modelo em pousio temporariamente e olhar e dar atenção a outros nichos de mercado, designadamente ao nicho étnico, a nossa diáspora, e ao nicho do turismo, porque neste momento os pequenos operadores mais que do precisam da nossa ajuda para trazer clientes”, sustentou.
No que se refere à TACV adiantou que a mesma também deverá passar por essa redefinição no modelo de negócio já que a empresa também estava encaixada nesse modelo de hub.
“Então, não estando o modelo a funcionar devido à retração da procura, a TACV também terá que revisar o seu modelo de mercado. Aliás, o Governo deixou bem claro que todo o apoio que vier a dar terá que ser nesse sentido, ou seja, da procura desses dois nichos que mais nos interessa neste momento”, disse o ministro.
Conforme adiantou, de janeiro até junho Cabo Verde registou uma quebra de 46% nos sobrevoos, que é uma das principais fontes de receita da Empresa Nacional de Aeroportos e Segurança Aérea (ASA), e uma redução de 52% no número de passageiros transportados, e 44% em termos de movimento das aeronaves.
Os dados apresentados pelo ministro do Turismo e dos Transportes apontam ainda para uma redução do volume de negócios da ASA na ordem dos 46% quando estava previsto um lucro, antes de covid-19, de um milhão de contos cabo-verdianos (cerca de nove milhões de euros).
“Neste momento, já vai com um prejuízo no primeiro trimestre de 200 mil. Portanto, para verem como as coisas estão a entrar por um caminho que urge nós tomarmos atenção e criar instrumentos para fazer face a essas situações”, disse apontando ainda para as quedas a nível da Binter [atual TICV] e da TACV [atual Cabo Verde Airlines].
“A companhia TACV também está numa situação praticamente de anulação das suas receitas. Desde março que simplesmente não tem receita. Isto significa que continuando com o custo, nós teremos uma companhia a entrar por uma situação muito difícil”, disse precisando que mensalmente essa companhia tem custos que chegam a 1,5 milhão de euros (165 milhões de escudos cabo-verdianos).
- Notícia difundida pela INFORPRESS – Agência Cabo-Verdiana de Notícias.
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