O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro (na imagem de abertura), admitiu que a venda de bilhetes da SATA por parte da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão (RIAC) poderá não vir a concretizar-se, pelo menos em todas as ilhas.
“Estamos a prestar um serviço ao povo, onde há economia privada deve prevalecer a economia privada. Vou acompanhar o processo e, a seu tempo, irei ponderar o que é razoável, sendo que nada faremos contra a iniciativa privada e tudo faremos para garantir um bom serviço às populações”, afirmou nesta segunda-feira, dia 5 de agosto, o chefe do executivo regional em declarações aos jornalistas após uma visita à Escola do Mar dos Açores, na cidade da Horta, na ilha do Faial.
O governante respondia assim às críticas das agências de viagens e das câmaras de comércio e indústria do arquipélago sobre uma “concorrência desleal” por parte da companhia aérea açoriana SATA, que decidiu encerrar as lojas em várias ilhas, para diminuir despesas, e transferiu o serviço de atendimento ao público e venda de bilhetes para os balcões da RIAC, que estão sob a alçada do Governo.
“Fui, na verdade, surpreendido com o contexto. Vamos avaliar os conteúdos, vamos tomar conhecimento e assumir a responsabilidade da liderança na governação”, disse José Manuel Bolieiro, escusando-se a fazer mais comentários sobre a polémica acerca da decisão tomada pelo novo presidente do conselho de administração da SATA, Rui Coutinho.
Na semana passada, a direção da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD) contestou a venda de passagens aéreas da SATA por parte da RIAC, sem que os agentes de viagens que já operam na região não tenham tido oportunidade para se envolverem na decisão.
“A medida do Grupo SATA é inaceitável para a economia dos Açores”, acusou a CCIPD, em comunicado, lamentando que a RIAC esteja agora a desempenhar uma atividade económica, “em direta concorrência com empresas que mantêm postos de trabalho e pagam impostos”.
Também o SINTAP, sindicato representativos dos trabalhadores da RIAC, contestou a medida, por considerar que os funcionários não devem desempenhar funções comerciais.
“A ser levado por diante a assunção destas funções comerciais da SATA pela RIAC, nomeadamente a venda de passagens aéreas da companhia, estaríamos perante aquilo que pode e deve ser considerada uma situação ilegal”, alegou o sindicato, em comunicado.