Grupo estuda eventual desativação de uma das duas pistas do Aeroporto de Lisboa

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A desativação de uma das duas pistas do Aeroporto de Lisboa para parqueamento de aviões está a ser estudada por um grupo de trabalho liderado pelo Instituto de Aviação Civil, hipótese que, segundo os pilotos, põe em causa a segurança.

Em avaliação está o fecho da pista 17/35, para aumentar a capacidade de parqueamento e aí estacionar aviões, nomeadamente os A-350 que a TAP espera receber durante 2015, passando o aeroporto a operar apenas com a pista 03/21. O estudo foi pedido pela ANA – Aeroportos de Portugal, comprada no ano passado pelo grupo francês Vinci.

O grupo de trabalho é coordenado pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC), do qual fazem parte a própria ANA/Vinci, a NAV – Portugal (controladores aéreos), o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos, a Força Aérea Portuguesa, a TAP e a Associação Portuguesa dos Pilotos de Linha Aérea (APPLA).

“Não é destruindo uma pista que está feita, não é relegando um aeroporto para fora da recomendação do manual 14 da ICAO [Organização Internacional da Aviação Civil] e não é aumentando o risco operacional em Lisboa em 25% das alturas do ano que se vai resolver o problema”, alertou hoje o presidente da APPLA, em declarações à agência Lusa.

Miguel Silveira diz-se “preocupado” com a possibilidade de uma das duas pistas do Aeroporto da Portela vir a ser desativada, o que, segundo o responsável, além de diminuir substancialmente a segurança de todos os intervenientes, abre a porta a que o principal aeroporto do país fique com reputação “duvidosa” no exterior.

“Atendendo a que pelo menos 25% dos ventos ao longo do ano não estão alinhados com a pista 03/21, mas sim com a pista 17/35, sendo estes ventos extremamente problemáticos devido à orientação e intensidade, se a pista 17/35 for fechada o Aeroporto de Lisboa deixa de cumprir com a recomendação da ICAO”, sublinha o também piloto, acrescentado que a Vinci “não deve ter ponderado bem” esta situação.

O presidente da associação dos pilotos reconhece o “problema de haver uma grande limitação” de espaço no aeroporto para estacionar os A-350, tendo em conta que a sua envergadura é superior, em cerca de cinco metros, às dos atuais A-330 e A-340.

Miguel Silveira entende que a permanência de várias companhias aéreas de baixo custo (`low-cost´) no Aeroporto da Portela só veio agravar o problema da falta de espaço.

“Se as `low-cost´ não ocupassem o Aeroporto de Lisboa e ocupassem outros aeroportos, como se faz em quase todas as capitais europeias e mundiais, este problema [falta de espaço] já não se colocava”, salientou o responsável pela APPLA.

Miguel Silveira acredita no INAC e confia na capacidade do organismo que lidera o processo “em entender o impacto operacional negativo” que acontecerá caso a pista seja desativada.

Em resposta escrita enviada à Lusa, a ANA/Vinci diz que “está a promover todos os estudos alternativos para medidas tendentes a implementar a capacidade do Aeroporto de Lisboa”.

Na base desta medida estão duas razões.

“A qualidade de funcionamento e serviço do Aeroporto de Lisboa como `hub´ (plataforma giratória de voos) e as alterações da frota da companhia ‘hub’ (TAP), nomeadamente a anunciada chegada dos A-350, que exigem condições especiais de parqueamento”, justifica o grupo, que deixa uma garantia: “Nunca qualquer solução que venha a ser tomada irá pôr em causa a segurança de passageiros, colaboradores, aeronaves ou materiais circulantes”, frisa a ANA/Vinci.

O grupo acrescenta que “não está em condições de adiantar prazos de implementação, visto que se trata de matéria ainda em estudo”.

 

  • Texto publicado hoje, dia 31 de Julho, na imprensa portuguesa da autoria da agência noticiosa LUSA

 

 

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