Um hidroavião não tripulado, de fabrico espanhol, caiu nesta terça-feira, dia 26 de abril, a cerca de 200 metros da Praia de Micoló, 15 quilómetros a norte da ilha de São Tomé, uma das duas ilhas que constituem a República Democrática de São Tomé e Príncipe, um estado independente de língua oficial portuguesa, situado no Golfo da Guiné, em pleno Oceano Atlântico.
Trata-se de “um avião ‘drone’ que se despenhou na zona de Micoló”, afirmou Leopoldo Nascimento, técnico do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) são-tomense, em declarações à agência noticiosa portuguesa ‘Lusa’.
“É uma aeronave não tripulada, estava a efetuar voos de ensaio, dentro dos parâmetros estabelecidos pela empresa e em áreas que nós definimos para não por em risco a zona habitacional”, acrescentou o técnico do INAC.
O hidroavião ‘drone’ bimotor tem um peso de cerca de quatro toneladas, podendo transportar até duas toneladas de carga, e estava a efetuar voos de “teste operacional” quando caiu no mar. Pertencia à empresa espanhola ‘Singular Aircraft’, registada na capital são-tomense há cerca de dois meses, cujos responsáveis estão a analisar as causas da queda do aparelho juntamente com as autoridades locais.
O aparelho desfez-se em vários pedaços com impacto no mar. Elementos da Guarda Costeira apoiados por alguns pescadores já recuperaram a maioria dos destroços.
“Mandámos abrir um inquérito para determinar os motivos que estão na origem deste incidente”, acrescentou o técnico do Instituto de Aviação Civil são-tomense.
O hidroavião não tripulado ‘Flyox I’ é a maior aeronave anfíbia conhecida na sua categoria. Foi construído pela empresa espanhola ‘Singular Aircraft’ e apresentado no seu primeiro voo em Julho de 2015. Até essa data e depois do período de projeto e montagem, voou um total de cerca de 500 quilómetros em Hofn, na Islândia, onde foi testado face a condições extremas de frio e de baixas temperaturas, quando em operação. Os voos de ensaio ficaram concluídos no mês de Maio do ano passado.
A empresa espanhola dá conta de que diversas entidades civis, governamentais e militares (entre estas as Forças Armados do Brasil) já manifestaram interesse numa futura aquisição deste ‘drone’.
Desde o primeiro trimestre deste ano que a empresa espanhola tinha montado uma delegação na Ilha de São Tomé, onde continuava os testes, agora num cenário de temperaturas altas e em ambiente climatérico sujeito a altas percentagens de humidade.
A ‘Singular Aircraft’ numa nota de imprensa distribuída no passado dia 22 de abril, dizia que um dos aparelhos ‘Flyox I’ estava agora baseado no Aeroporto Internacional de São Tomé (foto de entrada), não só para realizar os testes que considerava fundamentais para a consolidação do projeto, mas também porque a ilha é, do ponto de vista estratégico, um excelente lugar para atrair eventuais interessados na utilização do aparelho, que, na opinião dos construtores espanhóis, dá resposta às necessidades específicas de alguns países da zona (Golfo da Guiné e África Central) em termos de transporte de cargas urgentes.
- Foto e vídeo: ‘Singular Aircraft’
Veja o vídeo dos voos de teste do maior hidroavião não tripulado do mundo, feitos na Islândia: