A companhia aérea espanhola Iberia realiza no próximo 22 de janeiro do último voo regular entre os aeroportos de Madrid/Barajas e de Malabo, na Guiné Equatorial, devido à falta de rentabilidade da rota, que abriu-se em 1941 e chegou ter frequências diárias.
A Iberia já tinha comunicado, há várias semanas, ao Governo da Guiné Equatorial, país que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a decisão de suspender os voos diretores diretos para a capital do país. A companhia espanhola alega que o preço do combustível na Guiné Equatorial, as taxas do aeroporto de Malabo e o facto da companhia nacional de Guiné Equatorial, a Ceiba, ter também voos diretos para Madrid, tinham tornado a linha deficitária e insustentável do ponto de vista económico.
O jornal ABC, de Madrid, escreveu na semana passada que o primeiro-ministro de Guiné Equatorial, Francisco Pascual Obama Asue, convocou uma reunião em que participaram responsáveis pela aviação civil e aeroportos nacionais e o representantes da Iberia, na qual foi decidido estudar um plano de redução das taxas reclamadas pela companhia espanhola, não só no aeroporto, como no abastecimento de combustível. Isso não aconteceu em tempo útil e a Iberia vai simplesmente retirar-se, suspendendo os três voos semanais entre os dois países, confirmou a companhia ao jornal espanhol.
A Iberia diz estar consciente das relações especiais que devem existir entre a Espanha e a Guiné Equatorial, uma antiga colónia espanhola em África, mas reitera que a empresa tem de reger-se por critérios empresariais.
O Governo de Teodoro Obiang discorda da decisão da companhia espanhola e já apelou a Madrid para assumir as suas responsabilidades políticas, pois não aceita que a Iberia abandone a linha regular, tal como está anunciado para o próximo dia 22 de janeiro de 2018.
O executivo africano alega ainda que desde a independência da Guiné Equatorial, a Iberia teve sempre uma situação privilegiada, com lucros elevados na rota, onde andou praticamente sozinha. Além disso há relações históricas entre os dois povos que não devem ser agora abandonadas.
Nenhum desses argumentos mudou a decisão da Iberia. O Governo de Madrid respondeu que não pode intervir numa empresa privada e a administração da companhia aérea não consente mais prejuízos na linha Madrid-Malabo.