A Iberia poderá ser a próxima companhia aérea internacional a abandonar a rota da Venezuela. Correm rumores em Madrid de que a empresa está a avaliar o dossiê e já admite essa hipótese, nomeadamente depois de declarar nas contas do seu último exercício anual que estão retidos pelo Governo de Caracas 106 milhões de euros.
A companhia espanhola que integra o Grupo IAG juntamente com a British Airways e a Aer Lingus tem presentemente quatro ligações semanais (já teve voos diários) entre Madrid e Caracas e não se queixa da falta de passageiros. O problema é a repatriação de divisas e a falta que esse dinheiro faz na gestão da companhia.
Willie Walsh, presidente executivo do Grupo IAG, reconheceu há poucos dias que a companhia tem no total 184 milhões de euros retidos em Venezuela (mais 78 milhões do que declarado no último balanço anual) e que é “frustrante ter dinheiro e não poder dispor dele”. Nas declarações feitas a jornalistas em Madrid, Walsh admite que a companhia venha a deixar de voar para Caracas: “Não podemos voar para destinos onde não conseguimos receitas”, adiantou o responsável pela gestão do grupo aéreo, percebendo-se nestas declarações a disposição de abandonar a rota, pelos mesmos motivos que algumas outras companhias já deixaram aquele país sul-americano.
Nas contas da Iberia, em 2014, já tinham sido incluídas perdas extraordinárias provenientes das ligações para Venezuela que atingiram 82 milhões de euros, o que influenciou os resultados da companhia aérea espanhola, pois fechou o ano com um resultado líquido de 87 milhões de euros antes de juros, impostos, amortizações e depreciações (EBITDA).
Nos últimos meses três companhias internacionais anunciaram o abandono da rota de Caracas, devido ao mesmo problema: Alitalia, Lufthansa, LATAM Airlines e Aeroméxico.