As autoridades dinamarquesas recomendaram a alteração de software utilizado por alguns motores, na sequência de uma ocorrência com um Airbus A320 da TAP Air Portugal, em abril de 2022, no Aeroporto de Copenhaga, refere o relatório final da investigação, divulgado em Portugal pela agência de notícias ‘Lusa’, nesta quarta-feira, dia 28 de fevereiro.
Pelas 12h05 de 8 de abril de 2022, num Airbus A320 da TAP, com 102 passageiros e sete tripulantes a bordo, após uma aterragem abortada, o reversor de um dos motores não fechou, mantendo-se a aeronave, no início da subida, a baixa altitude e a desviar-se para a esquerda.
O relatório final do AIB DK, entidade dinamarquesa responsável pela investigação de acidentes aéreos naquele país, agora divulgado, reitera praticamente as conclusões já avançadas num relatório preliminar, divulgado poucos dias após o incidente classificado como “grave”.
Com base nas conclusões deste organismo, que contou com a colaboração da congénere portuguesa – Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) –, o fabricante da aeronave implementou várias ações de segurança.
Além disso, o AIB DK emitiu duas recomendações de segurança à EASA – Agência Europeia para a Segurança da Aviação para que se procedesse à alteração de software usado pelos motores da família dos A320 e por outros aviões que venham a ser certificados, preferencialmente a partir de 2025.
O objetivo é o de evitar que o (s) reversor (s) de potência não fechem após uma aterragem abortada e após o contacto com o solo.
No incidente de 8 de abril de 2022, durante a aterragem em condições de vento forte, o comandante sentiu-se “desconfortável” com a atitude da aeronave e decidiu, após selecionar os reversores de potência, abortar a aterragem (borregar na gíria aeronáutica portuguesa).
O comandante puxou então as manetes de potência dos motores totalmente para a frente – ação considerada um desvio aos procedimentos do Manual de Operação da Tripulação de Voo, que determina que, uma vez selecionados os reversores de potência, a aterragem tem de ser concretizada.
O reversor de um dos motores não fechou e, automaticamente, esse motor ficou com o “comando de marcha lenta”.
“Três das quatro portas do reversor do motor nº 1 estavam completamente abertas”, concluiu a investigação.
Como consequência da potência assimétrica, a tripulação sentiu, numa fase inicial, dificuldades em controlar o A320, mas acabou por recuperar o controlo logo a seguir.
A aeronave continuou a ascensão, tendo a tripulação desligado o motor nº 1 para melhorar o controlo do avião, que acabou por aterrar sem outras ocorrências.
A investigação do AIB DK concluiu que o reversor do motor nº 1 não fechou devido ao facto de não ter recebido um sinal de solo válido, atendendo ao sinal de posição da manete de potência na posição de descolagem.