O Presidente da República de Angola, João Lourenço, cancelou a autorização concedida ao ministro dos Transportes, em 14 de janeiro passado, “para celebrar contratos de compra e venda de aeronaves com as empresas Boeing e Bombardier, bem como desencadear os instrumentos para estruturar e montar a operação de financiamento para aquisição das aeronaves e negociar o refinanciamento de duas aeronaves Boeing 777-300 ER”. A autorização tinha sido extensiva à companhia aérea de bandeira TAAG, “relativamente à negociação de financiamento do fornecimento das aeronaves”, que, igualmente, fica sem efeito.
O Despacho Presidencial nº 52/19, de 9 de abril que anula outro diploma de igual categoria (nº 12/19), surge da necessidade de ser elaborado “um estudo mais aprofundado com vista à implementação do Plano de Reestruturação e Modernização da Frota de Aviões da TAAG – Linhas Aéreas de Angola, S. A.’, justifica o despacho de João Lourenço, divulgado na passada terça-feira, em Luanda, através de publicação no ‘Diário da República’, órgão oficial da República de Angola.
O Presidente da República determina que o ministro das Finanças, em articulação com o ministro dos Transportes, “deve dinamizar esforços junto dos vendedores e financiadores com vista a reverter todas as operações financeiras realizadas, bem como minimizar os danos financeiros e reputacionais para o Estado Angolano”.
Como facilmente se conclui, este despacho presidencial suspende o Plano de Reestruturação e Modernização da Frota da TAAG, pelo qual a companhia receberia novos aviões Boeing 787 Dreamliner e 737 MAX e Bombardier Dash Q400 (LINK notícia relacionada). O “estudo mais aprofundado” decidido pelo Presidente João Lourenço, não tem a ver, apenas, com a TAAG. Há todo um País que deve ser olhado, e será nesse aspecto global das acessibilidades e das grandes dificuldades de acesso a determinadas cidades interiores, que o plano terá também de ser proposto e executado.
Não obstante esta decisão, numa primeira análise, vir a prejudicar os projetos de uma expansão imediata da rede da companhia aérea de bandeira angolana e criar ainda mais dificuldades na rede de voos domésticos, a verdade é que a decisão presidencial foi bem recebida em Luanda, cuja economia vive um momento muito delicado, com necessidade de análise financeira e de decisões estratégicas que tenham em vista a recuperação económica do País, o pagamento da enorme dívida pública e a sustentabilidade dos seus investimentos.
Por outro lado, há que definir o que fazer com a Sonair, empresa pública de transporte aéreo, propriedade da Sonangol, empresa nacional de petróleos, que deverá juntar-se à TAAG e potenciar a rede de voos domésticos e ligações para aeroportos de segunda linha no País, transportando passageiros para as capitais provinciais e, nomeadamente, para o hub da TAAG, no Novo Aeroporto de Luanda, a abrir nos próximos dois anos.