O Conselho de Administração da LAM – Linhas Aéreas de Moçambique afastou os diretores de operações, técnico e comercial, alegando a reestruturação em curso da companhia aérea estatal, a necessidade de “criar maior dinamismo” e promover a “melhoria contínua”.
Segundo duas ordens de serviço a que a agência portuguesa de notícias ‘Lusa’ teve acesso, a decisão foi tomada nesta segunda-feira, dia 20 de novembro, em reunião extraordinária do Conselho de Administração, sendo afastados, com efeitos imediatos, Hilário Tembe, diretor de operações, substituído por Alexandre Barradas, Pascoal Bernardo, diretor técnico, substituído por Agira Nhabanga, e Maria Luísa Ferreira, diretora comercial, substituída por Firmino Naftal.
A empresa sul-africana Fly Modern Ark (FMA) assumiu em abril a gestão da LAM, avançando com um processo de revitalização da companhia aérea estatal moçambicana.
O ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique, Mateus Magala, disse anteriormente que o objetivo desta gestão é tornar a LAM uma companhia “respeitada”.
“Ainda não chegámos lá, mas os passos que foram dados de abril até aqui são de louvar. Penso que a transformação, a mudança, está indo na direção que nós gostaríamos de ver”, afirmou Magala.
O diretor-executivo da FMA, Theunis Crous, afirmou em 14 de setembro que encontrou na LAM “situações de corrupção”, fornecimento de serviços acima dos valores de mercado e outros sem contratos, responsabilizando os administradores.
“Geriam a companhia como queriam”, afirmou Crous, num encontro com jornalistas, em Maputo, escusando-se a revelar se estes casos foram ou não participados às autoridades competentes, como a Procuradoria-Geral da República.
Theunis Crous disse, contudo, que a FMA estava a preparar um “relatório exaustivo” destas práticas e que alguns desses administradores permanecem na companhia e apresentaram “resistência à mudança”.
Descreveu mesmo que algumas dessas pessoas “deitaram a companhia abaixo”.
As fortes dificuldades financeiras levaram em abril o Governo a colocar a companhia de bandeira moçambicana sob gestão da FMA.
Entre outras situações reveladas por Theunis Crous está um alegado aumento de remuneração decidido pela então administração, para os próprios administradores, aprovada em janeiro último, de 100 mil meticais (1.468 euros) por mês, “quando o Governo procurava uma solução para a gestão” da LAM.
“Imediatamente parámos logo isso”, disse ainda, garantindo que esses administradores foram chamados a devolver esses pagamentos recebidos de janeiro a maio.
O gestor acrescentou que encontraram casos de aeronaves fretadas por valores muito acima dos valores de mercado, serviços prestados à LAM que, além dos preços altos, não ofereciam qualidade, como o ‘catering’, e outros pagos sem faturação ou contratos.
“Quando chegámos estava um Boeing há sete meses em Joanesburgo numa reparação que devia ter sido feita em 30 dias”, exemplificou ainda, exigindo responsabilidades, mas garantindo que a LAM é viável.
“O maior ativo da companhia é a lealdade dos moçambicanos à marca LAM, que apesar dos problemas voltam sempre”, admitiu Theunis Crous.