A LAM – Linhas Aéreas de Moçambique está a trabalhar num plano de ação a cinco anos que prevê a reabertura de rotas para a Europa e a criação de novos voos regulares para a América do Sul e para a Ásia à partida do Aeroporto de Nacala, no norte do País.
A abertura dessas linhas depende naturalmente do reequipamento da frota da companhia, que passa pela disponibilização de aviões de maior capacidade e autonomia, que possam assegurara voos de longo curso.
Face à situação económica de Moçambique e de acordo com a reestruturação de toda a atividade da aviação comercial e aeroportuária no País, o governo nacional, responsável pela gestão da LAM, está à procura de um parceiro estratégico, que acrescente valor à companhia aérea de bandeira, como já tem sido noticiado.
A entrada de um parceiro internacional na LAM, que poderá ser do Médio Oriente ou da Turquia (a Turkish Airlines terá mostrado algum interesse em conhecer o projeto), alavancará a companhia moçambicana e permitirá como que uma refundação da empresa aérea, formada por capitais públicos.
A opção por Nacala, que no futuro será o segundo maior aeroporto internacional de Moçambique depois de Maputo, justifica-se, pois estabeleceram-se no Norte diversas indústrias, sobretudo na área da prospecção e extração mineral, nas quais trabalham técnicos europeus, brasileiros e asiáticos, e que poderão, a par com o turismo (funcionam diversos resorts de luxo nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa), fornecer contingentes interessantes de tráfego em rotas internacionais.
O Aeroporto de Nacala foi construído no início desta década sobre as antigas instalações de uma base aérea militar, herdada do tempo do colonialismo português (Moçambique é independente desde junho de 1975), e é hoje uma das melhores e mais modernas estruturas aeroportuárias do País. Foi o primeiro aeroporto construído depois da independência. A construtora brasileira Odebrecht foi responsável pelo projeto e execução da obra, que contou com um empréstimo de 125 milhões de dólares do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), também brasileiro. Este financiamento só foi possível por que o Governo do Brasil, no tempo do ex-Presidente Lula da Silva, perdoou uma dívida de 315 milhões de dólares à república africana.
Nacala tem uma pista de aterragem com 3.100 metros de extensão, seis balcões de atendimento de check-in e capacidade para atender cerca de meio milhão de passageiros por ano. Presentemente recebe dois voos regulares da LAM por semana, provenientes de Maputo, e dois da empresa brasileira Vale que opera no norte de Moçambique, desde há várias.
Nos últimos dias a imprensa brasileira voltou a abordar a situação do Aeroporto Internacional de Nacala (certificado como tal desde 2016), caracterizando-o como “um aeroporto fantasma”, o mais moderno e o de menos movimento no País. Mas o foco principal das matérias que surgiram no Brasil é a dívida para com o BNDES que está por liquidar (o prazo é de 15 anos sobre a data de inauguração do aeroporto em 2014) e cujas prestações foram interrompidas desde o final do ano passado, devido à crise financeira que Moçambique atravessa.