A Lofleidir Cabo Verde pagou 1,3 milhões de euros ao Estado de Cabo Verde por 51 por cento das ações da TACV – Transportes Aéreos de Cabo Verde, que passou a designar-se em termos comerciais e de imagem Cabo verde Airlines.
Os novos donos da maioria do capital da TACV assumiram ainda ao compromisso de injetar mais seis milhões de euros para a capitalização da empresa, informou o Governo cabo-verdiano.
Numa nota enviada à comunicação social, dois dias depois da assinatura do acordo de privatização da TACV – Cabo Verde Airlines, através da venda de 51% das ações à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF e em 30% por empresários islandeses, o Governo cabo-verdiano veio revelar os montantes envolvidos no negócio.
Na sexta-feira, dia 1 de março, após a assinatura do acordo, nem o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, nem o representante da empresa que adquiriu os 51% da companhia aérea quiseram revelar os valores em causa.
Neste domingo, dia 3 de março, em comunicado, o Governo cabo-verdiano revelou que “o montante acordado para a aquisição de 51% do capital da empresa, entre o Estado e o parceiro estratégico, é de 1,3 milhões de euros”.
O parceiro irá injetar mais seis milhões de euros “para a capitalização da empresa, totalizando cerca de 7,3 milhões de euros”.
Segundo o executivo cabo-verdiano, o valor patrimonial da empresa foi estabelecido no montante de 9,2 milhões de euros: 5,48 milhões de euros representavam os ativos imobiliários e 3,7 milhões de euros o valor patrimonial, excluindo os imóveis.
“No âmbito das negociações feitas, foi possível excluir todos os ativos imobiliários desta transação”, prossegue o comunicado.
Segundo o executivo cabo-verdiano, “o acionista Estado vai continuar o seu desinvestimento na empresa, realizando brevemente a alienação de 10% do seu capital social aos trabalhadores e emigrantes, mantendo-se com 39% das ações da companhia que serão alienadas ainda em 2019 a investidores nacionais e internacionais”.
Companhia manterá na sua imagem referências a Cabo Verde
O comunicado do Governo explica, ainda que à semelhança do que acontece em muitas paragens, na eventual renovação da imagem da marca da TACV, serão mantidas as referências a Cabo Verde, por forma a garantir que a companhia mantenha a sua ligação com o arquipélago.
Ainda, segundo a fonte governamental, os acordos firmados preveem ainda a possibilidade de voos ponto a ponto Praia-Lisboa, Praia-Boston e São Vicente-Lisboa, desde que sejam rentáveis, acrescentando, por outro lado que o Governo e o parceiro estratégico acordaram no sentido de trabalharem para o aumento de oportunidades de emprego e de desenvolvimento de competências na área dos transportes aéreos.
O Governo lembrou, por outro lado, que a TACV, até à sua reestruturação e o seu saneamento financeiro, estava tecnicamente falida e continuava a operar porque o Estado de Cabo Verde cobria os seus défices financeiros, que chegaram a superar os 30 milhões de euros anuais, um valor que, era insustentável para a economia nacional.
Assim, prossegue a mesma fonte, o Executivo decidiu reestruturar a empresa TACV, mantendo os postos de trabalho e criando novas oportunidades de negócios e de empregos, visando aumentar de forma significativa o contributo da atividade de transportes aéreos para o crescimento económico do país.
Para o processo de reestruturação, foi dada especial atenção às dívidas da empresa, que já tinham ultrapassado os 100 milhões de euros, tendo sido iniciado um trabalho de renegociação com os credores e fornecedores da empresa.
Jens Bjarnason, um islandês que está há várias décadas ligado à aviação civil, foi nomeado como novo diretor executivo (CEO) da Cabo Verde Airlines. Entrou para a Icelandair como engenheiro de estruturas, em 1984. Foi director de Segurança da Autoridade de Aviação Civil da Islândia. Foi também Director de Operações de Voo da Icelandair, entre 1996 e 2005. Mais tarde, vice-presidente de Operações Técnicas, entre 2005 e 2011. De 2011 a 2015, foi Director de Operações na IATA, em Montreal, no Canadá. O novo responsável pela gestão da Cabo Verde Airlines tem ainda um Doutoramento em Engenharia pela Northwestern University, de Illinois, EUA.
A Loftleidir Icelandic, empresa subsidiária do grupo Icelandair, com sede na Islândia, detém 70% das ações na Loftleidir Cabo Verde, enquanto que os restantes investidores 30%.
A empresa tem vindo a trabalhar em regime de consultadoria com a Cabo Verde Airlines, desde 2017 na restruturação da companhia e a desenvolver uma estratégia para o futuro da empresa.
- Foto de abertura © Carlos Freitas