Membros da comissão liquidatária da falência e representantes dos trabalhadores da Aigle Azur, que cancelou as suas operações na passada sexta-feira, dia 6 de setembro, estão reunidos desde a tarde desta segunda-feira, dia 9 de setembro, no Tribunal de Comércio de Créteil, nos arredores de Paris, para analisar mais de uma dezena de propostas de compra total ou parcial da, até há poucos dias, segunda mais importante companhia aérea francesa.
Segundo a imprensa deram entrada no tribunal 14 propostas para aquisição dos ativos da Aigle Azur. A mais interessante poderá ser a apresentada pela Air France, que ficará com uma posição de grande supremacia no mercado, o que poderá ser vetada pela Autoridade de Concorrência, mas há outras também interessantes das companhias de baixo custo EasyJet, Volotea e Vueling, e também do Grupo Dubreuil Aero, dono das companhias Air Caraibes e French Bee, ambas dedicadas a voos de longo curso para territórios franceses de além-mar. Entre os investidores que manifestaram interesse e que formalizaram propostas há ainda dois antigos quadros superiores da Air France, um dos quais com o apoio expresso dos pilotos e tripulantes de cabina da Aigle Azur.
A única proposta conhecida até agora, embora sem valores afiançados, é do Grupo Dubreuil Aero S. A., que numa circular interna aos seus colaboradores, disse no domingo, dia 8 de setembro, que iria se candidatar a parte do negócio abandonado pela Aigle Azur. Trata-se de um grupo forte, fundado há 45 anos, com grande tradição no transporte de longo curso para as Caraíbas e outros territórios do Índico e da Polinésia Francesa. Têm ainda voos para a República Dominicana e para os Estados Unidos da América através de contratos com operadores turísticos franceses.
Este grupo pretende solicitar um novo Certificado de Operador Aéreo, voar com dois Airbus A330-200 e acolher pessoal tripulante da Aigle Azur.
Num momento em que surgem os interessados ao que resta da Aigle Azur, círculos ligados à aviação internacional, têm se interrogado acerca da posição de David Neeleman, o empresário norte-americano que tem nacionalidade brasileira, que tinha adquirido, em novembro de 2017, 32% do capital da companhia. Não falou acerca da quebra da companhia onde estava em maioria com o Grupo HNA, um seu aliado, desde o tempo em que o grupo chinês foi sócio da AZUL – Linhas Aéreas Brasileiras (22%). Estiveram juntos depois na privatização da TAP, através do consórcio ‘Atlantic Gateway’, mas aos chineses saíram no início do ano, devido a problemas financeiros. Parte das ações do Grupo HNA na companhia portuguesa foi assumida por Neeleman.
No Brasil comenta-se que os slots de Paris/Orly para São Paulo, poderiam ser interessantes para continuar a operação que era feita pela Aigle Azur para Guarulhos e que tinha um índice de ocupação muito interessante.
A propósito algumas centenas de brasileiros estão na Europa sem transporte de regresso ao Brasil, assim como outros milhares que reservaram voos diretos para França ficaram agora sem avião e sem o dinheiro já pago à Aigle Azur ou a agências de viagens. Neste último caso mais fácil para recuperarem, se as agências estiverem filiadas na ABAV – Associação Brasileira de Agências de Viagens.