Faleceu aos 88 anos, o escritor e aviador Pery Lamartine, noticia hoje o jornal ‘Tribuna do Norte’ que se publica na cidade de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, no Nordeste Brasileiro.
Personalidade interessante e multifacetada, autor de dois livros que já li – ‘Aeroplano e ‘Epopeia nos Ares’ – com grande curiosidade e plena satisfação, transcrevo, com a devida vénia, em seguida, a matéria que foi publicada na edição de hoje do ‘Tribuna do Norte’:
«A aviação, o turismo e a literatura foram os grandes expoentes da vida de Pery Lamartine. Ele pode ser lembrado pelo pioneirismo em viagens e por ter fundado uma das primeiras agências de turismo do Rio Grande do Norte. Além disso, ele foi um pesquisador meticuloso em duas vertentes: a aviação e o sertão potiguar. Pery nasceu em 2 de Maio de 1926, em Caicó, estudou em Serra Negra, terra de seus ancestrais, tornou-se aviador, escritor e agente de viagens – o primeiro de Natal. No ano de 1944 terminou o curso de piloto-privado do Aeroclube do Rio Grande do Norte. Na época, era estudante do colégio Atheneu.
Hypérides Lamartine, conhecido como “Pery Lamartine”, era filho do casal Clóvis Lamartine de Farias e Maria de Lourdes da Nóbrega. Ele é autor de várias crônicas, Pery foi um escritor consagrado, integrante da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, com 17 livros publicados, entre os quais “Velhas Oiticicas”, “Epopeia nos ares”, “O Aeroplano”, “Personagens Serra-negrenses” e “Coronéis do Seridó”.
Além dos temas voltados para suas origens sertanejas, a aviação dominou seus escritos, pois ele foi um decano da história dessa proeza humana no Rio Grande do Norte. Em 1949, há registros fotográficos do piloto Augusto Severo Neto mostrando o piloto Pery Lamartine nos comandos da aeronave PT-19 sobrevoando o “aeródromo perdido”, que se configura como um dos maiores mistérios da aviação norte-riograndense, com a localização do primeiro aeródromo da zona Norte de Natal, esquecido desde a década de 40.
De acordo com o relato de Pery, que chegou a utilizar a pista durante o pós-guerra, o aeródromo se localizava mais ao norte em direção a foz do rio Potengi, nas proximidades da Base Naval Norte-Americana, popularmente conhecida como “Rampa”. Além disso, o aviador detalhou que na verdade se tratava de duas pistas e não apenas uma mais um hangar com capacidade para abrigar quatro aviões, dando a entender que não era um abrigo pequeno. O acesso, segundo Pery, ocorria através de embarcações que atravessavam o rio Potengi, partindo do píer da avenida Tavares de Lira, seguindo ao norte até um braço de rio, o qual eles adentravam cerca de 400 metros, onde desembarcavam.
Uma das hipóteses é que a pista do aeroclube, localizada onde ainda hoje funciona a sede social do Aeroclube do Rio Grande do Norte, fundado em 1928, por Juvenal Lamartine, era curta e sem condições de ampliação, por isso Lamartine como governador do estado, na época teria mandado construir um aeródromo na zona Norte de Natal, na margem oposta do rio Potengi, no acesso de um braço de rio ou “Camboa”, para uso dos aviadores que chegavam e partiam de Natal, uma vez que o “campo dos franceses” em Parnamirim era praticamente inacessível para a maior parte da população.
Em entrevista realizada em maio de 2013, Pery se descreveu como um homem tranquilo e reservado. “Sempre tive tendência para as letras mas só na fase madura é que me descobri, tenho feito o possível para manter esse nível e através dele venho colocando o Seridó e aviação a disposição do leitor. Tenho um temperamento moderado, não me afobo facilmente e não gosto de multidão. Minha leitura preferida é livro de ação assim como também no cinema. O Computador é o meu instrumento de trabalho e também a minha distração”, disse à época.»
O funeral de Pery Lamartine realiza-se amanhã, domingo, dia 18 de Maio, na cidade de Natal.
- Foto: Jornal ‘Tribuna do Norte’, Natal, RN