A Associação de Municípios da ilha do Pico, na Região Autónoma dos Açores, arquipélago sob soberania portuguesa situado no Atlântico Norte, considerou esta sexta-feira, 6 de Março, que “o abandono da TAP” é “uma página muito negra” da companhia aérea e disse ser “incompreensível” que a SATA, cujo único accionista é o Governo Regional, faça apenas duas ligações semanais entre a ilha e o continente português.
“O abandono da TAP da ilha do Pico corresponde a uma página muito negra da companhia pública de transportes aéreos portugueses que repudiamos”, sustenta um comunicado das três câmaras municipais da ilha do Pico, nos Açores.
A TAP vai deixar de voar para as ilhas do Pico e Faial a partir de 29 de Março, quando entram em vigor novas obrigações de serviço público nestas rotas. Simultaneamente, a SATA anunciou que vai começar a fazer ligações entre o Pico e Lisboa (com escala na Terceira), garantindo duas ligações semanais durante todo o ano.
“Os fundamentos expostos levam-nos a não concordar com a realização de duas ligações semanais entre o Pico e o continente, durante todo o ano, relegando, mais uma vez, a ilha para segundo plano”, sustenta a associação de municípios, dizendo que o número de ligações é “insuficiente” e “incompreensível”.
Assim, as três câmaras reivindicam, nos meses de Novembro a Março, duas ligações semanais, ao sábado e quarta-feira, e em Abril, Maio e Outubro três ligações (ao sábado, segunda e quarta-feira).
Além disso, defendem quatro ligações (ao sábado, segunda, quarta e sexta-feira) em Junho e Setembro e, nos meses de Julho e Agosto, cinco ligações (sábado, domingo, segunda, quarta e sexta-feira).
Os municípios da Madalena, S. Roque e Lajes do Pico entendem que neste “momento histórico”, de reorganização dos transportes públicos aéreos entre o Pico e o continente, esta é “uma oportunidade única” para reorganizar o modelo e também para desenvolver a ilha em termos turísticos.
A associação destaca, por exemplo, as características do aeroporto da ilha, que permitem que seja aumentado com menores custos, e que será usado tanto pelas populações do Pico como de São Jorge (cujo aeroporto não tem ligações para fora dos Açores), “num universo de aproximadamente 25.000 pessoas”.
Além disso, sublinham a oferta turística, designadamente “o número de camas do Pico e de São Jorge, que é de cerca de 1.200”, e defendem ainda uma reorganização do modelo de transportes públicos aéreos tendo em conta “uma visão integrada das ligações do Pico e do Faial com o continente, que assegure um maior equilíbrio e equidade na sua distribuição, com claros benefícios também para a ilha de S. Jorge”.
“Este é um momento decisivo para o desenvolvimento económico da ilha do Pico, em especial na vertente turística, e por isso, não podemos, nem devemos, adiar esta oportunidade para que a SATA, a nossa companhia aérea açoriana, cumpra os princípios para que foi criada e promova o desenvolvimento harmonioso dos Açores “, sustentam os três municípios.
Pico, Faial e São Jorge formam o chamado triângulo do arquipélago dos Açores, estando ligadas durante todo o ano por ligações marítimas de transporte de passageiros.
Na sequência da saída da TAP do Faial, a SATA anunciou que vai passar a fazer entre cinco e dez voos semanais entre esta ilha e Lisboa nos meses de época alta (Abril a Outubro).
Quanto ao Pico, tinha até agora dois voos semanais para Lisboa em Julho e Agosto e uma ligação no resto do ano, numa operação que era apenas assegurada pela TAP.
- Notícia distribuída pela Lusa, publicada na imprensa portuguesa