A criação de uma nova rota para aeronaves que pousam no Aeroporto Santos Dumont /Rio de Janeiro vai reduzir o nível do ruído aeronáutico nos bairros de Laranjeiras, Santa Tereza, Botafogo, Flamengo, Cosme Velho e Urca – os mais próximos ao terminal. Inicialmente, o novo percurso será realizado entre as seis e as sete horas da manhã, horário com maior nível de ruído aeronáutico por conta da pouca movimentação e barulho natural da cidade anunciou nesta segunda-feira, dia 1 de fevereiro, a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (SAC).
A nova rota está em teste desde o último dia 7 de janeiro, mas aprovada somente para os quatro voos que operam naquele horário. Mas assim que as companhias aéreas tiverem adaptado os seus pilotos à nova rota, ela deverá ser estendida a outros horários, incluindo os noturnos, depois de estudada por um grupo de trabalho criado e coordenado pela SAC especialmente para isso.
No momento, a rota com menos ruído já vai ser utilizada ao menos pelos 1.460 voos entre 6h e 7h deste ano, que vão deixar de passar pelas localidades próximas ao aeródromo, o que acarreta em menos ruído aeronáutico e mais qualidade de vida para os moradores destas regiões.
Grupo de trabalho foi criado em julho de 2014
O grupo de trabalho que estudou a alternativa de rota foi criado em julho de 2014 para discutir a poluição sonora causada pela aviação civil brasileira tem participação da Agência Nacional da Aviação Civil (ANAC), da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).
O Relatório sobre o Ruído Aeronáutico do Aeroporto Santos Dumont é inédito e aponta soluções operacionais para mitigar os impactos causados pelo ruído aeronáutico à população local e continuar preservando a capacidade de operação do aeroporto, segundo orientações da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI).
“O impacto da nova rota é, principalmente, o de melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem nas redondezas, sem acarretar prejuízos operacionais. A intenção é expandir estudos desse porte para outros aeroportos que apresentem problemas semelhantes”, analisa o ministro da Aviação, Guilherme Ramalho.
Com base em medições realizadas pelo Sistema de Monitoramento de Ruído, contratado pela Infraero para analisar a emissão do ruído nos bairros adjacentes ao aeroporto, foi possível perceber que nenhum dos bairros apresenta um nível maior do que o considerado aceitável para localidades urbanas, que é de até 65 decibéis utilizando a métrica DNL (Day-Night Average Noise Level), conforme o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil – RBAC 161 da ANAC. A métrica adotada (DNL) é adequada para utilizar na aviação civil, pois considera o nível de ruído médio de um período de 24 horas (dia e noite).
Nova rota sobrevoa mais mar e afasta-se das áreas habitadas
Realizada pelo setor sul do aeroporto em sua fase final, a nova rota sobrevoa áreas menos habitadas e o mar. O percurso foi escolhido após análise comparativa de outras cinco propostas, onde vários fatores foram considerados, como a emissão de ruído sobre áreas povoadas, o tempo de voo das aeronaves, emissão de gases poluentes, aspectos operacionais de tráfego aéreo, entre outros. O novo percurso é executado com maior precisão, em descidas contínuas, menor variação de motores e curvas estabilizadas, o que significa um menor nível de ruído e uma diminuição de consumo de combustível se comparado a outras rotas.
Outro ponto levado em consideração no estudo foi a desconcentração de pousos na cabeceira 02. Segundo manifestações feitas pelos moradores ao Ministério Público, sobrevoos para pousos na cabeceira 02 ocasionavam ainda mais ruído aos bairros próximos ao terminal. O relatório aponta, no entanto, que há boa regularidade na distribuição dos pousos pelas cabeceiras – em média, somente 27% das chegadas são efetuadas por essa cabeceira, com poucas variações ao longo dos anos.