Um dos destaques no segmento da aviação geral da AERO Expo deste ano era sem sobra de dúvidas os motores a diesel e o desenvolvimento de mais e melhores aviações da classe de ultra ligeiros.
Resumindo, tecnologias que nos permitam voar mais horas e com menos custos.
O desenvolvimento dos ultra-ligeiros é brutal, e percebe-se a olho nu nestas feiras, quando analisamos o espaço físico que já ocupam, comparando com anos anteriores.
Mas desta classe falaremos mais à frente onde apresentaremos novos modelos que tivemos oportunidade de conhecer.
Voltando à aviação geral, onde o fantasma do AVGAS ainda reina, observamos que o mercado começa finalmente a mostrar uma tendência clara para a solução diesel, apesar de ainda haver muita descrença quanto a esta tecnologia como a escolha perfeita para substituir os velhos motores a AVGAS, um combustível cada vez raro e oneroso.
“No fundo a industria de aviação foi empurrada para esta solução”, confidenciaram-nos colegas de comunicação social aeronáutica, francesa e alemã com quem tivemos o prazer de discutir este assunto.
Motores transformados em casa, a partir de carros, como o diesel da Mercedes a merecer muitas experiências, colocaram os construtores atentos a uma tecnologia que, no inicio, muitos pilotos e proprietários recusavam, devido a pouca fiabilidade e a pouca potência dos primeiros motores .
O mundo mudou, existe realmente necessidade de um motor mais económico, igualmente fiável e potente e enquanto o elétrico ainda esta pouco desenvolvido (por exemplo na feira em 2013 a Evektor apresentava um de 80 Hp, este ano o mesmo motor já desenvolve 120hp) construtores como a Continental e a Safran estão a desenvolver soluções muito interessantes a diesel.
Visitamos os dois construtores, e hoje falaremos na Safran que revolucionou o mercado dos diesel de combustão interna, ao fechar com a Cessna o fornecimento dos primeiros motores deste género para um avião de grande produção o Cessna 182.
O Cessna 182 já está a voar e está neste momento em fase de certificação pela FAA, para que possam ser entregues as primeiras unidades.
Está equipado com o motor SR-305 da Safran que debita até 227 hp e tem de TBO umas impressionantes 2400 horas.
Falamos com Frédéric Levard, que se mostrou muito optimista quando à performance dos Diesel da Safran no mercado, realçando o marco alcançado com SR305 , aquando da escolha da Cessna. Um motor europeu a diesel num modelo de serie norte-americano!
E motor é hibrido, não funciona só com diesel, a Safran foi mais longe, num trabalho de 15 anos de pesquisa que permite usar outros combustíveis como o Jet –A, Jet-A1, o russo TS-1, o chinês Nº3 e o militar JP-8.
Com isto a Safran queria assegurar-se que esta solução fosse verdadeiramente global, que não restringisse o uso, seja em que zona geográfica os nossos clientes estejam, disse-no Levard.
O Director de Apoio ao Cliente da Safran, falou-nos ainda do espectacular SR460, que se segue na linha de produção.
Um impressionante 6 cilindros a diesel, que desenvolve 300 a 440 hp. Encontra-se actualmente em fase de testes no banco de ensaio da empresa francesa .
Tem como base o SR305, só que incorpora muitos up-grades, com destaque especial para o sistema de injecção da Bosh, uma tecnologia que aumenta a prestação e fiabilidade e que poupa muito espaço na consola do motor.
Levard disse-nos que os testes estão a correr conforme planeado, na linha do que foi o programa do motor irmão de 4 cilindros, e que espera que o motor comece a voar ainda este ano, podendo este motor ter inclusive um TBO superior ao do 4 cilindros, estando a Safran a apontar para as 2600 / 2800 horas.
Para os clientes que adquiram estes motores através dos construtores ou através mesmo de “retro-fits” a Safran tem um programa de manutenção fechado com a Lycoming, ou seja, a manutenção será feita na sua rede de oficinas oficiais por todo o mundo.
A SAFRAN é um conglomerado de empresas francesas que atua nos ramos da defesa, motores, equipamentos e comunicação, surgiu da fusão das empresa SNECMA e SAGEM em 2005 e tem sede em Paris.
