O primeiro voo comercial de um Airbus A380 para o Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU Airport), na cidade de São Paulo, será feito pela Emirates no próximo sábado, dia 14 de novembro. A companhia do Dubai acedeu em levar o maior avião de passageiros do mundo, modelo do qual é a maior operadora mundial, para celebrar os oito anos de presença no mercado brasileiro.
E para tornar o momento mais marcante e entusiástico, a Emirates programou para este voo um piloto de nacionalidade brasileira, que é, ao mesmo tempo, um dos mais jovens comandantes de A380 em todo o mundo. O carioca Pablo Tees Leite, não obstante os seus 33 anos de idade, acumula uma vasta experiência e é reconhecido no meio aeronáutico, noticiou o site ‘Aeroin’, onde fomos encontrar esta novidade, e que publica uma interessante matéria sobre o comandante Pablo Leite, extraída da página do Aeroclube de Itápolis, onde está contada a história “desse grande comandante, que pisará em seu país natal no próximo sábado a bordo de um voo histórico”, e que o ‘Newsavia’ reproduz também, em seguida, e que será, certamente, muito bem acolhido pelos nossos leitores:
Voando alto pelo mundo, de Rúbia Rodrigues
«Pablo Tees Leite chegou ao aeroclube no ano de 1997, na época, com 16 anos fez seu primeiro voo num paulistinha PP-HLH junto ao instrutor Júnior Ramos. Depois de seu período de instrução foi liberado pelo instrutor Marcelo Sandoval para seu solo. Hoje, aos 33 anos de idade é um dos mais jovens a pilotar um Airbus 380, uma das maiores aeronaves comerciais do mundo.
Natural do Rio de Janeiro, Pablo guarda boas lembranças de Itápolis e de sua formação inicial como piloto.
“O período em que passei pela cidade marcou muito minha vida. Fiz grandes amizades e aprendi muito. Sinto saudades e assim que tiver oportunidade volta para fazer uma visita, aproveitar dos seus restaurantes como a deliciosa pizza da Spazzio e o lanche do Ferreirinha, rever amigos e reaprender a pilotar, pois, hoje em dia, apertamos apenas botões a bordo”, brinca o piloto, que complementa; “O que mais me impressionou na época da escola era a seriedade e dedicação dos instrutores. Você podia voar hoje com um e no dia seguinte com outro, mas havia uma ‘continuação’ da sua formação e trabalho, eles sabiam exatamente em que ponto e de que forma você havia parado e davam continuidade e isso é raro de se ver, inclusive em grandes empresas”.
Outro diferencial na sua formação destacado por Pablo era a liberdade dos voos. “Fui muitas vezes para diversas cidades do estado para fazer horas de voo e realmente era eu quem fazia o planejamento, claro que tinha que submeter a avaliação do instrutor, mas a responsabilidade era do piloto e isso é muito interessante”.
Depois de checado o Piloto Privado, Pablo foi para um intercâmbio de oito meses nos EUA para aperfeiçoar seu inglês, voltando para o Brasil vem novamente a Itápolis para terminar o curso de Piloto Comercial na EJ.
Na época a situação não era das melhores na aviação brasileira e, aproveitando a mudança da sua família para os EUA, Pablo converteu suas licenças para as do FAA (americana) e passou a batalhar por sua carreira.
“O meu primeiro emprego foi voando um Cessna 414 voando diariamente entre Fort Lauderdale e Lakeland. Com isso fui fazendo as horas de voo. E também trabalhava de Free Lancer para a empresa como copiloto de outras aeronaves: Learjet 25, Citation I, HS 125. Voei por um tempo um King Air 200 (ambulância), onde levávamos transporte de órgãos dentro do estado da Florida na madrugada”, conta Pablo, que complementa; “Aos 19 anos tirei a carteira de comandante do HS 125 (Hawker). Em 2002 entrei na TAM como copiloto do Airbus 320, mas devido a crise financeira fui demitido junto com outros 100 pilotos. Depois fui voar como copiloto um Gulfstream IV baseado no SDU. Foi um excelente trabalho, pois na época eles estavam procurando alguém com carteira americana, que tivesse voado nos EUA mas nacionalidade brasileira. Fiquei por 1 ano, onde voamos muito para Europa, EUA e fizemos uma viagem que envolveu muito planejamento ate Nova Zelândia”.
A empresa para qual ele trabalhava acabou vendendo os aviões e ele foi voar na China na Air Macau, no ano de 2004, onde ficou por dois anos até obter a qualificação necessária para aplicar na Emirates.
Em 2011 foi promovido a comandante na Emirates e hoje, aos 33 anos terminou sua instrução e voa no Airbus 380, o maior avião comercial de passageiros da história da aviação, com capacidade para até 853 pessoas.
“Dou graças a Deus pela base que tive na minha carreira em Itápolis, pois, o respeito e seriedade com os colegas e instrutores eram fundamentais. Foi ali que comecei a entrar na aviação e fazer o meu nome. Com tudo isso, quando entrei para voar no meu primeiro emprego como piloto, já estava acostumado com a rotina e isso facilitou muito a adaptação no emprego. E como o meu pai dizia e hoje posso concordar: “a escola funciona como um relógio”. Tenho muito orgulho de ter voado em Itápolis e me sinto muito feliz pelo crescimento dessa escola em todo o estado sendo hoje reconhecida em todo país”, dia Pablo, que finaliza; “Para os pilotos que estão começando a carreira o que posso dividir é: estude para ser o melhor que você possa ser, a aviação traz muitas felicidades, mas nada vem fácil. Como em qualquer trabalho vão existir celebrações e frustrações. Sempre tente aprender com o seu erro e o dos outros para que nunca mais voltar a repeti-lo e se você tem um objetivo, persista, acredite e mantenha o foco. Não deixe nada tirar você do seu objetivo. Tudo é possível nessa vida. Basta acreditar. Estude inglês e não fique na “zona de conforto”.
Respeite o seu colega, a você e a máquina, nunca vá até o limite de nenhum deles e, acima de tudo, tenha certeza, humildade e caráter são duas virtudes que te levarão longe na aviação”.
O aeroclube, a EJ e toda comunidade aviatória de Itápolis tem muito orgulho de ter participado da trajetória desse piloto que conquistou, com seus méritos, tão alta posição como aviador.»
- Foto: Aeroin/Brasil