Os pilotos da companhia de baixo custo europeia Ryanair, com sede na Irlanda, filiados no sindicato BALPA (British Airline Pilots Association), estão em greve nestas quinta e sexta-feiras, dias 22 e 23 de agosto, tendo vencido a oposição da empresa aérea que contestou em tribunal a legalidade da convocação da paralisação que se repetirá nos próximos dias 2 e 4 de setembro.
“Os pilotos da Ryanair pedem o mesmo tipo de políticas e acordos que existem nas outras companhias aéreas”, argumentou o secretário-geral do sindicato, Brian Sutton, perante o tribunal britânico que julgou o recurso da empresa aérea.
Na audiência, a Ryanair argumentou que a greve pode ser “enormemente disruptiva” e provocar “danos significativos” à reputação da companhia, mas nesta quinta-feira, autorizada a greve, disse não esperar problemas, “graças ao trabalho e boa-vontade da maioria” dos seus pilotos no Reino Unido.
Já na Irlanda ocorreu o oposto: o Tribunal Superior de Dublin decidiu, no mesmo dia, atender aos argumentos da companhia de baixo custo e bloquear a greve, marcada igualmente para estas quinta e sexta-feiras e para entre 2 e 4 de setembro.
Os advogados da companhia argumentaram que o sindicato de pilotos não permitiu que as negociações chegassem a uma conclusão antes de anunciar a greve.
O sindicato irlandês Forsa, que representa 180 pilotos irlandeses que trabalham para a Ryanair, alegou que a empresa simplesmente ignorou a proposta apresentada pelos pilotos com as reivindicações salariais e laborais.
As greves são um protesto contra as condições laborais e salariais praticadas pela Ryanair.
Outros movimentos de contestação na Europa contra a política laboral da Ryanair
Além do Reino Unido e da Irlanda, a Ryanair está a enfrentar movimentos de contestação em Portugal, onde o pessoal de cabina (assistentes de bordo) iniciou na quarta-feira uma greve de cinco dias, e em Espanha, onde uma greve também do pessoal de cabine, convocada por dois sindicatos, está marcada para 10 dias de setembro (1, 2, 6, 8, 13, 15, 20, 22, 27 e 29).
Em Portugal e Espanha, os sindicatos exigem que a Ryanair cumpra a legislação laboral nacional.
Ainda em Espanha, o Sepla (Sindicato Espanhol de Pilotos de Linhas Aéreas), que representa entre 500 a 800 pilotos da Ryanair, fez uma consulta aos associados e 90% deles apoiaram a adoção de medidas legais, entre as quais uma greve, a lançar nas próximas semanas se a companhia não recuar na decisão de encerrar três bases no país.
Em mais um sinal da contestação laboral na companhia, a confederação sindical belga CNE/ACV Puls pediu na terça-feira aos tripulantes da companhia irlandesa na Bélgica que mostrem “solidariedade” e não trabalhem durante a greve em Portugal, acusando a companhia de usar o aeroporto de Charleroi para “furar” a paralisação.