O presidente da Associação dos Pilotos de Cabo Verde, Ricardo Abreu (na foto ©Inforpress), afirmou nesta quarta-feira, dia 12 de abril, que o alerta de perigo de acidentes na aviação civil em Cabo Verde feito esta terça-feira, dia 11, no Parlamento desta República africana, se enquadra nos alertas que são feitos a nível mundial.
Em conferência de imprensa convocada para “corrigir” uma notícia divulgada pela agência noticiosa nacional Inforpress e tranquilizar a sociedade civil por considerar que a sua afirmação foi dramatizada no texto escrito na sequência da sua audição parlamentar, Ricardo Abreu disse que o que foi dito foi um alerta sim, mas em vários sentidos não só a nível da tripulação e financeiro.
“Apelamos que as formações dos pilotos fossem vistas não só no prisma financeiro dado à situação atual da empresa, mas também de se levar em conta os riscos de aviação civil [no geral] e não os riscos de aviação civil em Cabo Verde”, disse para corrigir a Inforpress.
Entretanto, acrescentou que os riscos de aviação mundial fazem foco em termos do cansaço da tripulação e cita exemplos de sindicatos de outras paragens que também já fizeram alertas similares.
“A IFALPA já enunciou, a BALPA também que são sindicatos de Europa e da América, assim como os sindicatos de Cabo Verde não deixam passar os riscos existentes dado ao cansaço das tripulações”, disse na conferência de imprensa.
Contudo negou que o alerta para os perigos de acidente de aviação tenha sido feito para alertar para perigos de acidentes em Cabo Verde, e única e exclusivamente devido ao cansaço da tripulação.
“Em Cabo Verde os pilotos têm a sua responsabilidade, são regulamentados e fiscalizados pela Agência de Aviação Civil, existem regras e normas a serem seguidas e são auditadas pela aeronáutica, seguindo os parâmetros internacionais e até foi referido um exemplo onde citei que já em Cabo Verde havia tido uma situação num acidente onde foi levado em consideração também o cansaço de Santo Antão e outros acontecimentos internacionais”, contou.
Ricardo Abreu explicou que fez foco na questão da tripulação na medida em que existem pilotos em casa que poderiam estar a operar na frota internacional, aumentando o número para ajudar a empresa e diminuindo assim tais riscos que existem na aviação civil.
“Os riscos existem em qualquer aviação, em qualquer companhia e em qualquer país. Desde o embarque até ao desembarque dos passageiros esses riscos estão presentes. É da responsabilidade da aviação civil controlar, dos pilotos cumprirem com regulamentos e é da alçada do sindicato manter alerta e mostrar foco nos pontos que são achados e tido como essenciais”, realçou o piloto, cujas declarações foram repudiadas por alguns dos deputados presentes na audição, segundo informa a ‘Inforpress’.
Ricardo Abreu, que neste caso particular, representa a classe de pilotos da República de Cabo Verde, chamou a atenção dos parlamentares para a ocorrência de vários incidentes no arquipélago, nomeadamente na Cidade da Praia, e de um acidente fatal na ilha de Santo Antão, este em 1999, que foi justificado “pelo cansaço da tripulação”.
O presidente da Associação de Pilotos de Cabo Verde argumentou que a falta de descanso dos tripulantes é uma preocupação da classe e, segundo reproduziu a agência noticiosa cabo-verdiana, as suas palavras foram no sentido de alertar para a eventual ocorrência de acidentes graves.
Se não, vejamos as declarações de Ricardo Abreu na íntegra: “Porque, infelizmente, a única importância que se dá é a do avião sair. Desde que o avião saia não se importa como é que saiu. E continuamos hoje com o mesmo estilo na aviação. Vai constar na acta, não é? Então vai ficar gravado o que vou dizer agora: Se não mudarmos de uma forma séria a forma de fazer aviação, a forma de agirmos na sociedade, vamos voltar a ter acidentes em Cabo Verde, vamos voltar a perder vidas.”
- LINK para matéria completa publicada pela agência de notícias ‘Inforpress’ de Cabo Verde