O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) acusou nesta quinta-feira, dia 28 de julho, a administração da TAP de desenhar um plano de reestruturação que resulta no “caos completo” sem a “boa vontade” dos trabalhadores da companhia, que “se sentem explorados”.
“Um brilhante plano de reestruturação (que ninguém conhece), assente no despedimento cego de trabalhadores e em cortes salariais nunca antes vistos para os poucos que ficaram, levou a uma situação inimaginável para quem desenhou o plano: o caos completo”, sustenta o SPAC num comunicado interno enviado nesta quinta-feira aos associados, a que a agência de notícias ‘Lusa’ teve acesso.
Segundo o sindicato, “depois de dispensar aviões Airbus e pilotos TAP, a administração continua a acreditar ser possível transportar o mesmo número de passageiros”.
“Como? Fácil! Menos trabalhadores, com vencimentos cortados, têm de realizar trabalho suplementar (também com cortes) suprimindo a falta gigante dos trabalhadores despedidos”, denuncia.
Questionando porque não consegue a gestão da TAP “entender como é que os seus pilotos, depois de verem os seus salários reduzidos pela metade, não querem fazer trabalho extraordinário enquanto se mantiverem os cortes salariais”, o sindicato garante: “Quando a ‘boa vontade’ dos trabalhadores não existe, porque legitimamente se sentem explorados, assistimos ao caos que têm sido estes dias e que tem prestado um serviço sofrível aos passageiros”.
Quanto ao argumento da administração “de que o plano [de reestruturação] não permite as mais do que justificadas reposições salariais”, o SPAC contrapõe que “o mesmo plano permite gastar milhões de euros dos contribuintes portugueses e na contratação de empresas como a Bulgaria Air, Eastern Airways, Hifly ou Euroatlantic, para realizar os voos da TAP porque despediram e dispensaram trabalhadores a mais”.
Ao mesmo tempo, acrescenta, “o plano também permite o prejuízo de mais de 20 milhões de euros acumulados por dois Airbus A330 que foram ‘convertidos’ em cargueiros, mas que nunca chegaram a voar como tal”, assim como “permite milhões de euros em justas indemnizações a passageiros que, sem culpa nenhuma, se viram dramaticamente afetados por estes atos de gestão que continuam impunes”.
“Quando todas as companhias aéreas da Europa e Estados Unidos da América já retiraram a totalidade dos cortes salariais aos seus pilotos e, neste momento, negoceiam aumentos porque reconheceram que é mais barato do que pagar indemnizações a passageiros e contratar empresas estrangeiras, a administração da TAP mantém-se firme no caminho oposto, desvalorizando o trabalho dos seus pilotos”, acusa.
No comunicado, o SPAC critica ainda o facto de “estes atos arbitrários e fraturantes” acontecerem “com o conhecimento do ministério das infraestruturas”, que deveria ser “o último reduto de intervenção para alterar a forma de operação da gestão da TAP, pela qual é responsável”.
Finalmente, e “para resolver tudo isto”, o sindicato nota ter sido criada a denominada ‘Assistance Team’, para cujo funcionamento a TAP “vem pedir aos mesmos trabalhadores que mantém asfixiados com cortes salariais” que, “em regime de voluntariado, resolvam os problemas criados pela gestão”, lidando com “os passageiros [que] são diariamente transtornados pelos cancelamentos e atrasos”.
“De facto, se não fossem os trabalhadores e os passageiros, a gestão da TAP funcionava”, conclui o sindicato.