Os pilotos do Dassault Falcon 50 (matrícula F-GXMC) apanhado no dia 13 de Março de 2013 em Punta Cana, na República Dominicana, pouco antes de descolar para Saint-Tropez, em França, com 1500 libras (680 kg) de cocaína a bordo (no valor de 26 milhões de dólares/22,8 milhões de euros) clamam por justiça. No caso conhecido como “Air Cocaine”, os pilotos Pascal Fauret e Bruno Odos, foram condenados em Agosto a 20 anos de cadeia, por um tribunal Dominicano pela sua “ligação a um acto de tráfico internacional de droga”, mas eles protestam, alegando que a sentença contradiz as convenções internacionais, posição apoiada pelos sindicatos de pilotos. O que está em questão é saber se a tripulação é responsável pelas bagagens e pela carga carregada a bordo de um avião.
Para os juízes dominicanos, o voo era privado e, por isso, os pilotos são responsáveis. Embora os sindicatos de tripulantes e pilotos concordem que os pilotos dos voos privados são responsáveis, consideram que o voo em questão era comercial, absolvendo os pilotos de qualquer responsabilidade pela bagagem e pela carga. Os pilotos eram empregados da agora extinta empresa SN-THS, a operar sob a marca Aerojet Corporate, um operador de voos charter sedeado em Lyon (França). O avião estava na frota da SN-THS ao abrigo de um contrato de gestão e o proprietário não tinha qualquer relação com o cliente. O voo foi registado com um número terminando com um “N”, significação de transporte não regular mas implicando que era comercial, argumentam os pilotos.
Os mesmos pilotos declaram numa reportagem televisiva que é prática corrente na aviação executiva não fazer perguntas sobre o conteúdo das bagagens e alegam, igualmente, que não é particularmente inusual que um só passageiro tenha muita bagagem. Existem indicações de que Fauret e Odos tiveram uma atitude cautelosa com este passageiro em particular, que transportavam pela terceira vez. Após o primeiro voo directo da República Dominicana para França, com Nicola Pisapia a bordo, relataram aparentemente as suas suspeitas. Antes do segundo voo, de Quito, no Equador, a polícia local inspeccionou a bagagem com cães especialmente treinados e autorizaram o voo. No dia do terceiro voo, Fauret estava sozinho no cockpit, a preparar o avião para o FMS (Flight Management System) para o voo transatlântico, quando a bagagem foi entregue. Odos estava no escritório da companhia de handling do avião, a Swissport. A maioria das malas foi colocada no porão e quatro ou cinco foram instaladas na cabina.
Um vídeo apresentado pela polícia dominicana mostra a cabina quase cheia de malas. Os pilotos tinham arrumado as suas malas num armário próprio, mas no vídeo aparecem na cabina, até o trolley do catering tinha sido retirado da galley e colocado em cima de um banco. O número de malas terá sido exagerado pela polícia – 26 tem sido o número referido, incluindo a da tripulação – mas o número real seria entre 18 e 22. Os ocupantes do Falcon foram presos imediatamente e passaram 15 meses na cadeia antes de o juiz lhes conceder liberdade condicional até ao primeiro julgamento, que teve finalmente lugar. Apesar da sentença, estão livres até ao julgamento de recurso.