“A TAP já não é o que era”.
Quantas vezes já ouvi isto nos últimos tempos. Por amigos. Por conhecidos. Nos jornais. Na televisão. Em quase todos os fóruns de opinião pública existente. E é dito de uma forma claramente depreciativa. Dito de uma forma a rebaixar aquela que (ainda) é a companhia aérea de bandeira nacional.
É algo que, de facto, transcende gerações de portugueses. O espírito de “no meu tempo é que era”.
E lá no fundo é verdade. A TAP já não é o que era. E ainda bem.
A TAP já não é o que era porque a aviação comercial já não é o que era. As necessidades e exigências do transporte aéreo comercial moderno assim o exigem. Adaptou-se. Onde antes existiam rotações de três ou quatro horas hoje fazem-se em tão pouco tempo como 45 minutos. Onde antes se tinham rotas com 5 ou 6 passageiros hoje existem rotas com aviões quase sempre cheios. Onde antes existia uma frota de 20 ou 30 aviões, hoje existem mais de 60. O dobro. E tudo isto implica mais exigências. O que levará a mais falhas. Sem dúvida. Falhas essas que têm de ser resolvidas. Com empenho e pragmatismo. Mas elas são consequência da evolução de toda a envolvente aeronáutica.
A TAP ainda hoje representa Portugal. O nome está lá. Reflectido no indicativo de todos os voos: “Air Portugal”. E, independentemente de tudo, a TAP é ainda hoje uma referência. Referência de optimização (é das mais eficientes companhias da Europa, poucos fazem tanto com tão pouco). Referência de segurança (considerada a 7ª companhia aérea mais segura do mundo em 2014 pelo JACDEC, 3ª mais segura da Europa). Referência como empresa (é o maior exportador nacional). Referência como símbolo nacional (ela é um pedaço de Portugal pelo mundo).
E quer se defenda ou não a privatização, quer se apoie ou não uma reforma profunda, a verdade é que ela é a NOSSA companhia. E como tal deve ser respeitada. Não só pela herança que tem mas também pela empresa que se tornou: uma Grande companhia. Com “G” grande.
E devemos dizê-lo com orgulho.
Aquele que se tem ao ver o nome de Portugal inscrito em cada avião.
Ricardo Nunes
Nota: Todos os textos publicados na secção blogger integram um espaço de participação dos leitores e seguidores, que convidamos para tal. São da responsabilidade do autor, sendo que não expressam necessariamente a opinião da NEWSAVIA.
Apaixonado desde sempre pela aviação, o ingresso na especialidade de piloto na Força Aérea Portuguesa em 2005 foi consequência natural desse facto. Piloto operacional de Alouette 3 e de EH-101 “Merlin”, exerceu funções como piloto comandante de busca e salvamento a partir de 2011. Em 2013 ingressou na TAP Portugal. Natural de Lisboa, participa igualmente na organização de diversos eventos de aviação.